ATA DA OCTOGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 19-10-2001.

 


Aos dezenove dias do mês de outubro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Elói Guimarães, Estilac Xavier, João Antonio Dib, Juarez Pinheiro, Paulo Brum, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, José Fortunati, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Nereu D’Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Octogésima Sexta Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Trigésima Sétima Sessão Solene, deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Aldacir Oliboni, a Emenda nº 03 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 243/01 (Processo nº 3614/01); pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, o Projeto de Lei do Legislativo nº 258/01 (Processo nº 3849/01); pelo Vereador João Carlos Nedel, 13 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 195/01 (Processo nº 3972/01); pelo Vereador Raul Carrion, os Projetos de Resolução nºs 100 e 101/01 (Processos nºs 3947 e 3948/01, respectivamente); pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Informações nºs 189, 190, 191, 192 e 194/01 (Processos nºs 3913, 3914, 3915, 3916 e 3918/01, respectivamente). Na ocasião, foi apregoado o Ofício nº 536/01 (Processo nº 3996/01), do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando que se ausentará do Município a partir das dezoito horas do dia vinte e um ao dia vinte e três de outubro do corrente, para participar da reunião do Conselho Político da Frente Democrática e Popular, que se realizará em São Paulo - SP, e do “II Fórum sobre o Desenvolvimento”, a ser realizado em Brasília - DF. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 533, 534 e 535/01, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a homenagear a Aeronáutica pelo transcurso do Dia da Aviação, nos termos do Requerimento nº 229/01 (Processo nº 3773/01), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Compuseram a Mesa: o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Major-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, Comandante do 5º Comando Aéreo Regional - COMAR; o Vice-Almirante Izidério de Almeida Mendes, Comandante do 5º Distrito Naval; o Coronel Armando Schultz, representante do Comando Militar do Sul; o Vereador Paulo Brum, 2º Secretário da Casa. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos, para, em pé, ouvirem o Hino Nacional, executado pela Banda do 5º COMAR, sob a regência do Suboficial Músico Vilnei da Silva Santos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Pedro Américo Leal, homenageando a Aeronáutica pela passagem do Dia do Aviador, discorreu sobre a criação da Força Aérea Brasileira - FAB, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Ainda, ressaltou as atividades desenvolvidas por essa instituição em defesa das fronteiras do Brasil, aludindo à implementação do Projeto Sistema de Vigilância da Amazônia - SIVAM - pelo Governo Federal. O Vereador José Fortunati felicitou o Vereador Pedro Américo Leal pela iniciativa de propor a presente solenidade e exaltou o transcurso do dia vinte e três de outubro de mil novecentos e seis, pela importância histórica que essa data representa para a aviação mundial. Também, lembrou os relevantes trabalhos sociais desenvolvidos pela Aeronáutica, através do Correio Aéreo Nacional, em prol das populações localizadas nas regiões ribeirinhas da Amazônia. O Vereador Elói Guimarães procedeu à leitura de trechos do Hino do Aviador, enaltecendo os valorosos serviços prestados à Nação pelas Forças Armadas, especialmente a Força Aérea Brasileira. Ainda, relatou a experiência pessoal de Sua Excelência como integrante do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa - e teceu considerações a respeito da atuação destas instituições no sentido de contribuir para a manutenção da paz mundial. O Vereador Estilac Xavier manifestou-se sobre o transcurso do Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira, salientando as características de disciplina, respeito e dignidade demonstrados pelas Forças Armadas ao longo de sua existência. Ainda, destacou a necessidade de preservação da soberania nacional, contrapondo-se à instalação, em Alcântara, no Maranhão, de um centro de lançamentos de foguetes pelos Estados Unidos da América. O Vereador Ervino Besson pronunciou-se acerca da presente solenidade em homenagem ao Dia do Aviador, comentando a participação de familiares de Sua Excelência nos quadros funcionais da Força Aérea Brasileira. Ainda, chamou a atenção para a importância da prestação do serviço militar na formação do caráter, argumentando que o preparo dado pelas Forças Armadas evita que os jovens desviem o comportamento para atividades criminosas. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a Canção do Aviador e o Hino Rio-Grandense, executados pela Banda do 5º COMAR, sob a regência do Suboficial Músico Vilnei da Silva Santos. Às nove horas e cinqüenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dez horas e seis minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença da Deputada Federal Ana Corso, convidando-a a integrar a Mesa dos trabalhos e informando que Sua Excelência comparece a este Legislativo para proceder à entrega de Relatório atinente às atividades da Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada na Câmara dos Deputados para avaliar as causas da mortalidade materna no Brasil. Também, foram registradas as seguintes presenças: da Senhora Ana Elusa Rech, Coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; da Senhora Miguelina Vecchio, Secretária de Mobilização do Conselho Estadual da Mulher; da Senhora Fátima Mariath, Secretária-Geral do Conselho Estadual da Mulher; da Senhora Rosa Garcia, Secretária de Divulgação do Conselho Estadual da Mulher; da Senhora Sílvia Severo; do Senhor Marcelo Branco, Vice-Presidente da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul - PROCERGS; da Senhora Márcia Bauer, da Coordenadoria dos Direitos Humanos do Município de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Deputada Federal Ana Corso, que abordou aspectos constantes no referido Relatório, analisando dados relativos às principais causas de mortalidade materna no País e informando que cópias desse documento também foram entregues aos Senhores Governador e Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença da Senhora Luciane Motta e de representantes da Comunidade Vila Joana D'Arc - Morro Santana, presentes a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial desta Casa. Também, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores José Fortunati, Pedro Américo Leal, Carlos Alberto Garcia, Sofia Cavedon, Cassiá Carpes, Raul Carrion e Sebastião Melo, que se manifestaram acerca do assunto tratado pela Deputada Federal Ana Corso. Ainda, a Senhora Presidenta concedeu a palavra ao Vereador Humberto Goulart que, em nome da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, se manifestou sobre o tema. Na oportunidade, a Senhora Presidenta registrou a presença das monitoras Cibele Quadros e Rogélia Amaro, bem como de abrigados do Abrigo Municipal Bom Jesus, mantido pela Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC, presentes a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial da Casa. Às dez horas e trinta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dez horas e trinta e nove minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro referiu-se a pronunciamentos efetuados por diversos Vereadores durante as Sessões Ordinárias da última semana, defendendo a adoção, por todos os Parlamentares, de um posicionamento coerente em relação a essas manifestações. Também, teceu críticas às políticas econômicas implementadas pelo Governo Federal e analisou dados atinentes à conjuntura econômica e política vivenciada pelo País. O Vereador Isaac Ainhorn abordou aspectos atinentes aos índices de desemprego atualmente verificados no Brasil. Ainda, afirmou que as dificuldades econômicas e sociais do País têm características históricas e foram agravadas pelas políticas derivadas do neoliberalismo e externou sua contrariedade à quebra do convênio firmado entre a Brigada Militar e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o qual garantia o policiamento nas imediações dessa instituição. O Vereador Marcelo Danéris informou ter sido cassada a decisão liminar concedida em favor do Ministério Público, a qual determinava a inclusão, pelo Executivo Municipal, no Orçamento Anual para o ano dois mil e dois, de recursos para a criação de novas vagas em abrigos municipais para menores, sob pena de, em não cumprida a decisão, pagamento de multa pecuniária diária em favor do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Na ocasião, o Vereador Ervino Besson formulou Requerimento verbal, solicitando cópias do pronunciamento efetuado pelo Vereador Juarez Pinheiro em Comunicações, o que foi deferido pelo Senhor Presidente, após a anuência do Orador. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Helena Bonumá discorreu sobre aspectos históricos atinentes aos níveis de concentração de renda e de ocorrência de exclusão social no Brasil, defendendo a idéia de que a atuação política, em todas as suas instâncias, deve ser pautada pela coerência. Também, teceu críticas ao Governo Federal, pelo modo como lida com as questões salariais dos seus servidores e com os problemas do ensino superior público. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 5ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Executivo nºs 026, 027, 028, 029 e 030/01, discutidos pelos Vereadores João Antonio Dib, Adeli Sell, Sebastião Melo, Juarez Pinheiro, Sofia Cavedon e Estilac Xavier. Na oportunidade, foi apregoado o Ofício nº 104/01, de autoria do Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que Sua Excelência estará representando externamente este Legislativo na cerimônia de inauguração do novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Salgado Filho, a ser realizada hoje, às onze horas e trinta minutos. Também, o Senhor Presidente apregoou documento firmado pelo Vereador Paulo Brum, o qual informa que Sua Excelência, juntamente como Vereador Fernando Záchia, também estará representando externamente este Legislativo na cerimônia acima referida. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Humberto Goulart registrou o transcurso, no dia dezoito de outubro do corrente, do Dia do Médico, comentando aspectos relativos às relações existentes entre os médicos e seus pacientes, mencionando as dificuldades enfrentadas por essa categoria para o exercício da sua profissão no Brasil e procedendo à leitura de documento firmado pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul - SIMERS, publicado ontem em diversos jornais. O Vereador Raul Carrion elogiou o posicionamento adotado por funcionários e professores das universidades federais, em função da greve nacional por melhores condições de trabalho, criticando o Governo Federal em relação à política de ensino público adotada no País. Também, manifestou-se contrariamente à redução da idade de responsabilização penal, apresentando dados estatísticos que comparam os crimes cometidos por adultos e menores. O Vereador Pedro Américo Leal teceu considerações sobre os índices de criminalidade no Estado, citando casos de violência publicados na imprensa nos últimos dias e avaliando as disposições contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, relativamente às penalizações impostas aos menores infratores. Nesse sentido, protestou contra a política administrativa implementada pelo Senhor José Paulo Bisol à frente da Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 010/93, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Raul Carrion, e 243/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib; em 2ª Sessão, os Projetos de Resolução nºs 049 e 099/01, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 248, 251, 253, 254 e 255/01, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 142/01, discutido pelo Vereador Sebastião Melo, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 053/00, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 022/01; o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Adeli Sell; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 239/01, discutido pelo Vereador Sebastião Melo, 241, 249 e 250/01, os Projetos de Resolução nºs 084, 091, 092 e 093/01; em 5ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 082/01, discutido pelos Vereadores Sebastião Melo e Juarez Pinheiro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt enfocou a participação financeira do Governo Federal em obras realizadas no Município e no Estado. Ainda, apontou denúncias de irregularidades na administração realizada no Abrigo Municipal Ingá Brita, contestou os critérios para a cobrança progressiva do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU e questionou a participação popular no Governo Municipal. O Vereador Sebastião Melo discorreu a respeito da participação de Sua Excelência em reunião realizada no Colégio Santo Inácio, organizada com o objetivo de debater sobre a questão da instalação de uma pista de eventos na zona norte da Capital. Ainda, teceu considerações acerca do prazo vigente para o funcionamento de Comissões Parlamentares de Inquérito neste Legislativo e criticou a política habitacional desenvolvida pelo Executivo Municipal em Porto Alegre. O Vereador Estilac Xavier manifestou-se sobre a cassação de decisão liminar expedida pelo Poder Judiciário, a qual determinava a alocação de recursos no orçamento de dois mil e dois do Município de Porto Alegre para o sistema de abrigagem de menores carentes da Capital. Também, relacionou as diversas obras públicas efetuadas pelo Executivo Municipal e comentou a questão relativa à instalação de uma pista de eventos na zona norte da Cidade. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Estilac Xavier, solicitando votação em destaque para as Emendas nºs 20 e 108, apostas ao Projeto de Lei do Executivo nº 015/01 (Processo nº 2405/01), com Veto Parcial. Em continuidade, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, solicitando verificação de quórum de forma nominal, tendo o Senhor Presidente, face manifestações do Vereador Luiz Braz, prestado esclarecimentos a respeito do referido Requerimento. Às treze horas e vinte e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às treze horas e vinte e sete minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se a respeito do Requerimento do Vereador Marcelo Danéris, anteriormente formulado, o qual solicitava a verificação de quórum da presente Sessão. Na oportunidade, o Senhor Presidente, face Questão de Ordem e manifestações formuladas pelo Vereador Juarez Pinheiro, prestou esclarecimentos a respeito do artigo 94 do Regimento, o qual versa sobre a competência do Senhor Presidente para deliberar sobre Requerimentos encaminhados à Mesa pelos Senhores Vereadores. Em seguida, o Vereador Marcelo Danéris solicitou a retirada de tramitação do Requerimento verbal formulado por Sua Excelência, o qual solicitava a verificação de quórum da presente Sessão, tendo o Senhor Presidente deferido tal solicitação e o Vereador Reginaldo Pujol manifestado-se a respeito do assunto. Também, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se acerca do quórum da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz avaliou a postura dos Vereadores que integram a Bancada do PT neste Legislativo, no que concerne ao Requerimento que solicitava verificação de quórum da presente Sessão, de autoria do vereador Marcelo Danéris. Ainda, referiu-se à CPI do DEMHAB e analisou o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/01, que dispõe sobre a cobrança, de forma progressiva, do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU. Na oportunidade, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do artigo 94 do Regimento, o qual versa sobre a competência do Senhor Presidente para deliberar sobre os Requerimentos encaminhados à Mesa pelos Senhores Vereadores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza aludiu à inauguração, hoje, das novas instalações do Aeroporto Salgado Filho e contrapôs-se ao Projeto de Lei do Executivo nº 007/01. Também, salientou a necessidade de destinação, por parte do Executivo Municipal, de verbas que supram as necessidades dos abrigos destinados às crianças carentes da Capital e repudiou possibilidade de cobrança de contribuição de iluminação pública, por parte das Prefeituras Municipais do País. Na ocasião, o Vereador Estilac Xavier formulou Requerimento verbal, solicitando a retirada de termos constantes no pronunciamento efetuado pelo Vereador Haroldo de Souza em Comunicação de Líder, o qual foi deferido pelo Senhor Presidente, após a anuência do Orador. Após, constatada a existência de quórum, em verificação nominal solicitada pelo Vereador Ervino Besson, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, por treze votos SIM e oito votos NÃO, em verificação de votação solicitada pelo Vereador Reginaldo Pujol, após ter sido aprovada em sua votação simbólica, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, Estilac Xavier, Helena Bonumá, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Reginaldo Pujol e Valdir Caetano. Em continuidade, o Senhor Presidente, face manifestações do Vereador Reginaldo Pujol, prestou esclarecimentos a respeito dos trabalhos da presente Sessão. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Após, foi aprovado Requerimento do Vereador Estilac Xavier, solicitando votação em destaque para as Emendas nºs 20 e 108, apostas ao Projeto de Lei do Executivo nº 015/01 (Processo nº 2405/01), com Veto Parcial, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Reginaldo Pujol. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 20, aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 015/01, considerando-se mantido o Veto Parcial aposto a esse Projeto, por três votos SIM e dezesseis votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Carlos Alberto Garcia, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo e Não os Vereadores Adeli Sell, Cassiá Carpes, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum, Raul Carrion e Sofia Cavedon, tendo o Senhor Presidente, face manifestações dos Vereadores Luiz Braz e Estilac Xavier, prestado esclarecimentos em relação à votação da referida Emenda. Foi votada destacadamente e aprovada a Emenda nº 108, aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 015/01, considerando-se rejeitado o Veto Parcial aposto a esse Projeto, por dezessete votos SIM, dois votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Maria Celeste, Paulo Brum, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Sofia Cavedon, Não os Vereadores Estilac Xavier e Marcelo Danéris e tendo optado pela Abstenção o Vereador Juarez Pinheiro. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Marcelo Danéris, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi aprovado o Requerimento nº 234/01 (Processo nº 3818/01 - Requer autorização para representar este Legislativo na "Reunião Latino-Americana de Consulta para a Agenda 21 das Mulheres", a ser realizada nos dias dezenove e vinte de outubro do corrente, no Rio de Janeiro - RJ, com percepção de diárias e passagens aéreas), de autoria da Vereadora Maristela Maffei. Foi aprovado o Requerimento nº 241/01 (Processo nº 3971/01 - Requer autorização para representar este Legislativo, juntamente com o Vereador Humberto Goulart, em audiência com o Ministro da Saúde, a ser realizada no dia sete de novembro do corrente, em Brasília - DF, com percepção de diárias e passagens aéreas), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Foi aprovado o Requerimento nº 243/01 (Processo nº 4012/01 - Requer autorização para que o Vereador Paulo Brum represente este Legislativo no Programa Teleton, da Associação de Assistência à Criança Defeituosa - AACD, a ser realizado nos dias vinte e seis e vinte e sete de outubro do corrente, em São Paulo - SP, com percepção de diárias e passagens aéreas), de autoria do Vereador Fernando Záchia. Foi aprovado o Requerimento nº 236/01 (Processo nº 3833/01 - Requer a realização de Sessão Solene em homenagem ao transcurso do Dia do Funcionário Público), de autoria da Mesa Diretora. Foi aprovado o Requerimento nº 242/01 (Processo nº 4001/01 - Requer a realização de Sessão Solene para homenagear a Independência do Estado do Líbano), de autoria do Vereador Fernando Záchia. Às quatorze horas e vinte e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Carlos Alberto Garcia, Helena Bonumá e Ervino Besson e secretariados pelos Vereadores Helena Bonumá, Paulo Brum e Ervino Besson. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão. Hoje, o período de Comunicações é destinado a homenagear o Dia do Aviador e a Força Aérea Brasileira, nos termos do Requerimento nº 229/01, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal.

Convidamos para compor a Mesa o Ver. Paulo Brum, 2º Secretário da Casa; o Ex.mo Comandante do V COMAR, Major-Brigadeiro-do-Ar, Juniti Saito; o Ex.mo Comandante do 5º Distrito Naval, Vice-Almirante Izidério de Almeida Mendes; o Ex.mo representante do Comando Militar do Sul, Coronel Armando Schultz.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional, executado pela Banda de Música do V COMAR sob a regência do Suboficial Músico Vilnei da Silva Santos.

 

(Foi feita a interpretação do Hino Nacional.)

 

Lembramos, mais uma vez, que este período de Comunicações, destinado a homenagear a Aeronáutica, foi uma iniciativa do Ver. Pedro Américo Leal, o qual está com a palavra.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje é um dia de festa. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre tenta, em grandeza e significação, prestar uma homenagem aos “Soldados do Ar”, na época em que é exaltada, no Brasil, a Aviação e o Dia do Aviador. Na pessoa desse oficial admirável, que é o Major-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, a quem procurei, no ano passado, desculpando-me por ter tido essa falha, em não ter me lembrado e saudado os companheiros da FAB na sua data. Hoje é dia em que procuro recuperar esta minha falha.

A Força Aérea Brasileira, a mais nova das Forças Armadas, surgiu nas preparações da 1ª Guerra Mundial e, aqui, no Brasil, lá por 1931, entrou a Aeronáutica em cogitações. Incrustada no Exército e na Marinha, seria a formidável máquina de guerra que no mundo não seria contida. É a realidade. Deveria libertar-se e, hoje, domina todos os teatros de operações.

O porta-aviões, a esquadra leva ao local da invasão os seus aviões - todos estamos vendo hoje, nesta terrível guerra que presenciamos - em número de setenta, oitenta que, em vôos rasantes preparam o terreno e mobilizam as defesas antiaéreas e antimísseis, até o desembarque. Sem a supremacia área, ninguém ataca por terra ou mar.

Torna-se visível a supremacia da Aeronáutica, onde, hoje, no cenário bélico moderno, dois terços da guerra cabem aos homens do ar.

Foi assim na Arábia Saudita: “A Tempestade do Deserto”, nos Bálcãs, no Kosovo e aguardamos, decorridos dez dias, o sinal verde no Afeganistão, para a ação de tropas especiais. É seu o comando das ações. A nossa FAB, em 1931, dava os primeiros passos por intermédio de arrojados Tenentes, que se atreviam à realização de uma façanha, pois pretendiam levar do Campo dos Afonsos até São Paulo, num Curtis Flodglinds, a primeira mala postal.

Era um feito, quase uma loucura, pela qualidade do avião que utilizavam, desenvolvendo, quando muito, 120 Km por hora, e, na travessia, chegaram a baixar o tempo para 100 Km “por causa do vento”, dizia o piloto Montenegro.

Com o legendário homem do Forte de Copacabana, o Brigadeiro Eduardo Gomes, figuram na memória, nos Anais da Aviação do Brasil, os aviadores Nélson Freire Lavanière Wanderley e Casimiro Montenegro Filho. Esses dois precisam ser mais citados pela Aeronáutica. Esboçava-se a nossa Aviação e, no dia 20 de janeiro de 1941, é então criado o Ministério da Aeronáutica, conduzido por um civil, Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho, o Senador Salgado Filho, grande figura da política do Brasil.

A Aeronáutica está ligada ao mundo civil por meio da aviação comercial, de toda tecnologia, do controle dos aeroportos, do Correio Aéreo Nacional, como nenhuma outra Força Armada está. Estende suas asas sobre a Amazônia, onde 61% do seu território é floresta. Só quem vai até lá é o avião, só quem domina a Amazônia é o avião, atende aos mais distantes Pelotões de Fronteira, Batalhão de Selva e todas as Brigadas de Infantaria de Selva. São eles que levam o alento e a palavra amiga e as esperanças. O Correio Aéreo Nacional, a COMARA - Comissão de Aeroportos da Região Amazônica, chega aos povos mais distantes, aos moradores da floresta, aos índios e inúmeros aventureiros, missionários, caçadores, garimpeiros que só escutam o canto dos pássaros e, quando em vez, o ronco dos motores da nossa FAB. Chega, construindo 134 aeródromos, 96 pistas de pouso, 427 unidades habitacionais e 60 edificações de proteção de vôo. Quem sabe disso no Brasil? Ninguém, nem eu sabia. Por três anos, todos os meses, no passado, a FAB cumpriu uma linha de compromissos com o Batalhão Suez. Só as “Fortalezas Voadoras” B-17 atravessavam o Atlântico. E continua auxiliando a aviação comercial, hoje, em pleno oceano. Quem vai dar socorro lá? A FAB! A epopéia do Douglas, o “QT do Ar”, como eu chamo. O que é o QT? “Qualquer terreno”, este avião que dominou completamente a época em que praticamente existiu e preponderou - o Douglas - tantas vezes viajei nele fardado. O “Senta a Pua”, o Grupo de Caças levado à exaustão pela quantidade de missões no Vale do Rio Pó, lá na Itália. Agora o SIVAM, patrulhando as riquezas de 5.000.200.000 quilômetros quadrados, a maior reserva de água do planeta, zelando por um terço da florestas tropicais, as mais ricas do mundo, com 26 radares agora instalados patrulhando as selvas. Lá está a FAB. Mas nós não sabemos disso, o Brasil é grande demais, não temos conhecimento dessas notícias.

A Aeronáutica é o traço civil das Forças Armadas em seu relacionamento com o povo, por intermédio do Instituto Tecnológico da Aeronáutica e do seu Centro. O Brasil veio a competir com o Primeiro Mundo na indústria mundial da aviação e despontando arrojadamente com a EMBRAER, ameaçando a poderosa Bombardier, hoje equipando 12 países, suas Forças Aéreas, treinando pilotos de todo o mundo e com 50% da frota militar, já sob sua responsabilidade. E com que verbas? Diziam-me agora os Oficiais Generais, tanto o nosso Brigadeiro Juniti, como o Almirante Izidério: “As verbas são as mesmas!” Isso em 30 anos, sabiam disso? Mas com critério de aplicação de verbas. No critério é que está a nossa grande habilidade.

Prepara-se para a corrida espacial, agora, lá na Barreira do Inferno. E agora na Base de Alcântara, que chamo a atenção dos meus colegas de farda. Lá no Maranhão, onde temos dúvidas, pois acreditamos que cedemos demais aos Estados Unidos. Confiamos no nacionalismo dos companheiros da Aeronáutica. Com eles a palavra, pois devem estar vigilantes, em serviço, de cinto de guarnição. Dirão, no momento exato, um basta. No momento certo. E estaremos, nós, de todas as Forças Armadas, das duas outras irmãs, com a nossa FAB. É dela o brado, a repetir em todo o Brasil, nos quatro cantos da nossa Pátria: “A Amazônia é nossa!” Não tenham dúvida: “A Amazônia é nossa!” Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Lembro aos Srs. Vereadores que, tendo em vista que haverá, hoje, a inauguração do Aeroporto Internacional Salgado Filho, o Major-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito tem horário para que possa estar lá organizando essa grande festa da Cidade de Porto Alegre. Então, peço que, rigorosamente, os Srs. Vereadores respeitem o tempo regimental. O Ver. José Fortunati está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais autoridades.) Sem dúvida nenhuma, a iniciativa do Ver. Pedro Américo Leal merece da nossa parte todo o louvor porque, indiscutivelmente, o dia 23 de outubro de 1906, marca um momento dos mais importantes para os brasileiros. Mais uma vez um brasileiro demonstra a competência dos brasileiros, mesmo fora do Brasil. Faço questão de iniciar a minha fala por esse episódio, porque sinto em muitos brasileiros uma auto-estima pequena. Uma auto-estima muito diminuta, quando falamos da nossa Pátria, quando falamos dos brasileiros: “São os outros que prestam, são os outros que trabalham, são os outros que têm capacidade intelectual, são os outros que fazem e acontecem”, e poucos, muito pouco, olhamos para a nossa terra, para a nossa gente, para a nossa cultura, para valorizarmos o que nós fazemos.

Pois bem, em 23 de outubro de 1906, um brasileiro coloca um avião, mais pesado que o ar, a funcionar perto da torre Eiffel, em Paris. Uma demonstração muito clara da nossa capacidade.

Poderia citar tantos outros inventores que muito orgulham a Pátria brasileira, mas, a partir desse evento; a partir desse fato, o Ministério da Aeronáutica passa a estabelecer esta data como o “Dia do Aviador”, algo que, sem dúvida nenhuma, muito nos alegra.

Porto Alegre tem homenageado o primeiro Ministro deste importante Ministério com toda a pompa, com toda a circunstância. Além de uma das principais Avenidas do Centro da nossa Cidade ter o seu nome, o Aeroporto duplicado, que será inaugurado hoje, leva o nome desse importante Ministro chamado Salgado Filho, do qual todos nos orgulhamos.

Também é importante, muito rapidamente, destacar o intenso e permanente trabalhos social que a Aeronáutica tem prestado em nosso País. Lembro aqui que, desde os primórdios da existência da força Aérea Brasileira, o Correio Aéreo Nacional, tem sido sua esta tarefa, especialmente nas regiões mais longínquas, mas inóspitas do nosso País, como, por exemplo, a Região Amazônica.

Lembro também que ainda hoje - como sempre o foi - a FAB continua assistindo às populações mais carentes ribeirinhas da nossa imensa Amazônia, por meio dos seus aviões anfíbios e com toda uma equipe que presta assistência social e assistência médica de primeira qualidade.

É importante também lembrar que a FAB e o Ministério da Aeronáutica são responsáveis pelas construções de novos aeroportos, exatamente nessas regiões, desbravando a Região Amazônica, fazendo com que, de uma forma muito eficaz, nós estejamos presentes em todo o nosso País, que é um País continental.

Quero lembrar que a Força Aérea Brasileira teve uma atuação absolutamente destacada na II Grande Guerra Mundial, um fato do qual todos nós nos orgulhamos. Meu pai foi expedicionário da FEB, que usava o famoso símbolo da cobra fumando, e quero lembrar aqui, ainda, o tão famoso e tão importante símbolo do “Senta a Pua”, usado pela Força Aérea Brasileira durante a II Guerra Mundial.

Além disso, é importante lembrarmos que foi do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica, o famoso ITA, de onde partiu o grande conhecimento, hoje, da Nação brasileira, dos povo brasileiro, dos técnicos brasileiros, a respeito da construção de aviões, que deu origem à EMBRAER, da qual nos orgulhamos como uma empresa estatal, hoje privatizada, mas que continua prestando um grande serviço ao País. Para concluir, quero, aqui, me valer do Hino do Aviador Brasileiro que, na sua última estrofe, diz assim:

“Não importa a tocaia da morte, /Pois que à Pátria, dos céus no altar,/ sempre erguemos de ânimo forte,/ o holocausto da vida a voar.”

É uma clara representação da bravura, do esforço, da garra e do patriotismo dos Aviadores. Por isso, a todos vocês, a todos os Aviadores do nosso País, os meus cumprimentos! E vida longa à Aviação Brasileira. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações pelo tempo que lhe cede o Ver. Paulo Brum.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesas e demais presentes.) Ao chegarmos à Casa e voltando a rever o Hino do Aviador fomos recarregados, por assim dizer, de emoção:

“D’astro-rei desafiamos nos cimos,/ Bandeirantes audazes do azul,/ Às estrelas, de noite, subimos,/ para orar ao Cruzeiro do Sul.”

Por que nos revitalizamos de emoções? Por que Vereador proponente, amigo Pedro Américo Leal, durante um ano eu ouvi este hino na frente da casa das ordens, na base aérea de Gravataí, tive a honra de ter sido o número 080, do 14.º Esquadrão de Caça da Aeronáutica. Durante um período, tive gratíssimas contribuições. Tive com o Gloster Meteor, em terra, evidentemente, alguma intimidade. Quero agradecer ao Ver. Paulo Brum que me cedeu seu tempo – e falo em seu nome também, além de falar em nome do PTB. Mas foram momentos gratificantes. E quando me volto ao passado e vejo a contribuição que recebi, eu fico a imaginar a importância do serviço militar, que muitas vezes se dispensa, Ver. Pedro Américo Leal, e se perdem grandes oportunidades de servir a força de terra, do mar ou do ar. Para a formação do caráter, é extremamente importante uma passagem, curta que seja, pelas Forças Armadas – Aeronáutica, Marinha ou Exército - porque nos arregimenta espiritualmente, nos faz crescer por todo um processo que se desenvolve no seio dessas corporações. Mas, falar da importância da Aeronáutica, da avançada tecnologia espacial que tem na aviação o seu eixo, é dizer sobre o que temos de mais avançado. Tenho, igualmente com o Ver. Pedro Américo Leal, uma concepção sobre as Forças Armadas. As Forças Armadas são instrumentos pela paz. Há uma visão equivocada! As Forças Armadas, no seu tripé – mar, ar e terra - são instrumentos a serviço da paz, para a paz. Se não fossem elas, ao longo da história, do tempo e da geografia, por certo, não haveria como conviver. Este é o papel de anteparo que têm as Forças Armadas: papel de paz. Quero reiterar a homenagem à Aeronáutica, a sua importância já destacada aqui, o Correio Aéreo, todos os serviços, a interiorização do Brasil, a defesa da Amazônia, que só é possível pelo ar, a coleta de dados, a polícia que a Aeronáutica faz nas fronteiras, e, principalmente, na região da Amazônia.

Esses soldados, hoje, aqui, que estão sendo homenageados, recebam a nossa saudação, a saudação da Cidade de Porto Alegre, quando se comemora o Dia do Aviador, o Dia da Aeronáutica, enfim, o Dia da Aviação. Para nós, foi um momento extremamente importante voltar ao tempo, àquelas emoções que tivemos, tantas, na nossa querida Base Aérea de Gravataí, lá no meu querido 1.º do 14.º da Aviação. A todos o meu agradecimento e minha saudação, e que a Aeronáutica continue, como as demais forças, a desempenhar esse importante papel na defesa da nossa Pátria e na defesa da Amazônia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Comunicações por cessão de tempo do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com satisfação que falo aqui em nome da Bancada do Partido dos Trabalhados, Ver.ª Sofia Cavedon, Ver. Aldacir Oliboni, Ver. Marcelo Danéris, Ver. Juarez Pinheiro, Ver.ª Maristela Maffei, e fico honrado, também, pela distinção de falar em nome da Bancada do Partido Comunista do Brasil, em nome do Ver. Raul Carrion.

Já foi feita a remissão sobre a história da Aviação, da Força Aérea Brasileira e do Dia do Aviador. Preparei o meu pronunciamento com breve auxílio do Cel. Siqueira, a quem agradeço. Dia 23 de outubro é a data que marca a proeza humana de fazer com que um objeto mais pesado do que o ar vença a força da gravidade, força essa que nos mantém sobre este globo no seu navegar pela imensidão do universo.

Foi um brasileiro, Santos Dumont, que em 1906 traduziu essa proeza fora do Brasil e marcou essa data como o Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira.

Hoje, por coincidência, com essa homenagem, estamos a inaugurar o nosso Terminal, que leva o nome do ilustre ex-Ministro da Aeronáutica de 1941, Salgado Filho, eis que a Aeronáutica era uma força integrada ao Exército, e depois foi desmembrada para, então, ser uma força autônoma, dentro das Forças Armadas. É a mais jovem das forças, como bem aqui destacou o Ver. Pedro Américo Leal.

Quando nós viemos aqui para homenagear esse conjunto de brasileiros, que são responsáveis pela integração nacional, pela defesa das fronteiras nacionais, é importante destacar dois aspectos: o primeiro deles é da necessidade de que nos alertemos, no Brasil todo, civis ou militares, sobre a situação do Centro de Lançamento de Alcântara, em território nacional, no Maranhão, nas proximidades da sua Capital, São Luiz, onde pela sua posição estratégica para lançamento de foguetes, colocou-se uma reserva do território nacional sob o domínio do governo americano. Lá, nenhum de nós, brasileiros, entra sem autorização do governo americano: terra brasileira sem soberania dos brasileiros.

A preocupante desmontagem que se faz na questão tecnológica, quando vimos o embate entre a EMBRAER - produto do nosso Instituto Tecnológico da Aeronáutica - na disputa pelo mercado aéreo na questão canadense, serve de alerta para que civis e militares pensem na forma como a nossa pátria está sendo governada, quais são os métodos democráticos e civilizados pelos quais haveremos de superar esses limites e essas dificuldades. É importante destacar que, dentro da idéia das Forças Armadas e hoje da homenagem que fazemos aos aviadores e à Força Aérea Brasileira, os elementos da disciplina, da constância, do sentimento de nacionalidade sem ser xenófobo, o respeito e a submissão à Constituição Brasileira e o estado de direito democrático são questões que devem ser profundamente registradas.

Eu concluo, Sr. Presidente, no tempo escasso que tenho para homenagear nossos ilustres convidados aqui presentes, dizendo que, já há algum tempo os homens tentam vencer a gravidade. Na mitologia temos Ícaro, que, tentando desafiar a sua submissão à força da Terra, colocou asas de cera e, ao chegar próximo ao Sol, caiu. Mas o homem, na sua luta para vencer e contornar as dificuldades do Universo, mais tarde levanta-se fora da esfera terrestre, e vê a Terra. E aí um russo diz: “A Terra é azul”: Yuri Gagarin. Mas o passo mais significativo para a humanidade, e tem a ver também com a questão da Força Aérea e com o Dia do Aviador, foi, em 1969, três americanos - Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin - pisaram pela primeira vez na Lua. Foi quando se disse uma frase, que é celebre, e que eu gostaria de resgatar: “foi um pequeno passo para os homens, mas um grande salto para a humanidade.”

Viva o Brasil, o povo brasileiro e o nosso fraterno abraço à Força Aérea Brasileira pelo Dia do Aviador. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações por cedência de tempo do Ver. Nereu D'Avila.

 

 O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu falo aqui em nome da Bancada do PDT, agradecendo ao Ver. Nereu D'Avila por ter me cedido o seu tempo.

Fiz questão de vir à tribuna para homenagear o Dia do Aviador, o dia das Forças Armadas. Em nome do meu irmão, Elói Antônio Besson, talvez, alguns colegas da Aeronáutica lembrem-se de que ele serviu durante 26 anos a Aeronáutica, hoje está na reserva. E o tio Luiz Valério Besson, que também serviu por longos anos na Aeronáutica e hoje está na reserva. Portanto, em nome deles quero saudar a todos os colegas pelo Dia do Aviador.

O Ver. Elói Guimarães tocou num ponto que considero fundamental. O que representa hoje aos jovens servirem durante 1 ano de suas vidas, representando a nossa Pátria? Eu sou de uma família de 4 irmãos e quando perdemos a nossa mãe, nenhum de nós havia servido, mas por conselho do meu avô e da minha avó, meu caro Coronel Pedro Américo Leal, o meu avô dizia para nós: “O homem para conhecer a vida deve servir.” Aquilo ficou gravado nas nossas mentes e os quatro irmãos, até por força de lei, teríamos o direito de não servir a Pátria, porque nós éramos arrimos de família, a mãe tinha falecido, mas o meu irmão mais velho serviu no exército, o terceiro irmão, o Elói Besson, foi para Aeronáutica, e outro irmão serviu na Cavalaria em Porto Alegre. Sabemos que, hoje, pela economia do País, poucos jovens servem à Pátria. Em 1964, todos sabem que em 1964 foi o ano que servi no 19 RI, entraram 1.360 recrutas. Hoje mudou, sabemos que poucos jovens estão em condições de servir, como eu já disse pela economia do País. Todas os jovens que pedem o conselho deste Vereador, eu aconselho para eles servirem a Pátria. É um ano em que o jovem aprende muito, aquele ano que o jovem serve a sua Pátria, ele aprende muito na vida.

Uma pergunta eu deixo aqui. Será que esses jovens terroristas, esses que conseguiram cometer essa tragédia nos Estados Unidos, será que se tivessem servido à Pátria, eles teriam esse aprendizado, fazer o que fizeram? Será que esses jovens, hoje, no País, que cometem esses brutais crimes, se eles tivessem servido à Pátria, será que eles não teriam um outro preparo nas suas vidas? É uma pergunta que deixo aos oficiais das Forças Armadas.

Encerro, deixando aqui, em meu nome, em nome da minha família um fraterno abraço a todos das Forças Armadas, principalmente, pelo Dia do Aviador que se comemora no dia de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Convidamos todos os presentes para ouvirem a execução da Canção do Aviador seguido do Hino Rio-Grandense pela Banda do 5º COMAR, sob a regência do Suboficial Músico Vilnei da Silva dos Santos.

 

(Executa-se a Canção do Aviador e Hino o Rio-Grandense.)

 

Agradecemos pela presença do Comandante do 5º COMAR, Major Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito; do Comandante do 5º Distrito Naval, Vice-Almirante Izidério de Almeida Mendes; do representante do Comando Militar do Sul, Cel. Armando Schultz, e das senhoras e senhores que presenciaram esta homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre, ao Dia do Aviador, por proposta do Ver. Pedro Américo Leal.

Damos por encerrado este período de Comunicações.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 9h59min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum - às 10h06min): Estão reabertos os trabalhos. É com muita satisfação que nós recebemos, na manhã de hoje, a Deputada Federal, Ana Corso, que nos visita e fará a entrega de Relatório referentes às atividades da Comissão Parlamentar de Inquérito, instaurada na Câmara dos Deputados, para avaliar as causas da mortalidade materna no Brasil.

Queremos registrar que acompanhando a nossa prezada Deputada, estão presentes, também, a Sr.ª Ana Elusa Rech, que é Coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia do nosso Estado; a Sr.ª Miguelina Vecchio, que é a Secretária de Mobilização do Conselho Estadual da Mulher; a Sr.ª Fátima Mariath, Secretária-Geral do Conselho Estadual da Mulher; a Sr.ª Rosa Garcia, Secretária de Divulgação do Conselho Estadual da Mulher; a Sr.ª Sílvia Severo, da Assessoria da Mulher; o Sr. Marcelo Branco, Vice-Presidente da PROCERGS, e a Sr.ª Márcia Bauer, da Coordenadoria dos Direitos Humanos do Município de Porto Alegre.

Com a palavra à Deputada Federal Ana Corso, para as suas colocações.

 

A SRA. ANA CORSO: Primeiramente, gostaria de cumprimentar o Presidente interino, Ver. Paulo Brum bem como todos os Vereadores e Vereadoras da Câmara Municipal de Porto Alegre. Gostaria de saudá-los, assim como saudar às entidades dos Movimentos de Mulheres que nos prestigiam. Dizer, enfim, que para mim, é uma grande honra estar aqui, hoje, na Câmara Municipal, a convite da Ver.ª Sofia Cavedon, para a entrega do Relatório da CPI da Mortalidade Materna.

Nós estivemos, na semana passada, entregando ao Governador Olívio Dutra este mesmo Relatório e, também, na Assembléia Legislativa do Estado entregamos o Relatório. E, hoje, estamos aqui. A idéia é nós entregarmos aos Legislativos do nosso Estado, pelo menos nas principais cidades.

E é importante, por quê? O Brasil, infelizmente, é campeão de morte materna. Há 17 anos a média de mortes maternas faz com que se tenha em torno de cento e dez a cento e quarenta mortes a cada cem mil mulheres. Portanto, é um índice bastante alto. Países do Primeiro Mundo, Europa e Estados Unidos apresentam dez mortes a cada cem mil mulheres; Chile e Uruguai, em torno de quarenta mortes a cada cem mil. O Brasil tem esse índice de cento e dez a cento e quarenta mortes em cada cem mil mulheres! Isso que não se tem - fornecido pelo Ministério da Saúde - um censo claro, uma estatística correta, em relação a isso. Imagina-se que a cada notificação de morte materna tenha mais uma que não foi notificada. Portanto, um caso sério ligado à negligência médica e também à má qualidade dos serviços de saúde no nosso País.

Esta CPI é importante, porque ela apontou uma série de questões e queremos ver os Legislativos, o Poder Público fazendo aquilo que a CPI indicou. Por exemplo, o Relatório da CPI aponta que os municípios e o Estado devam ter comitês para investigação da morte materna como uma das medidas para o controle, para sabermos as causas desta morte e fazermos com que haja uma redução da mortalidade.

No nosso País, 90% destas mortes são um desperdício de vidas e poderiam ser evitadas. Morrem cinco mil mulheres, anualmente, no nosso País, em função da morte materna, em complicações do parto, o que poderia ser evitado se tivessem acesso a um serviço de saúde de melhor qualidade, assim como um melhor treinamento dos profissionais, como mais verbas para os orçamentos públicos em relação à questão de uma assistência integral à saúde da mulher. Infelizmente, nós vemos poucos recursos em nível nacional. Têm-se muito poucos recursos para a área da saúde, infelizmente. É uma questão séria.

As causas principais de morte materna são: a hipertensão e a hemorragia. A terceira causa são os abortos que fazem com que um percentual muito grande de mulheres morram em função de abortos clandestinos. Estima-se em torno de um milhão de abortos feitos, anualmente, no País. Nós temos que tentar evitar esse tipo de morte estúpida e desnecessária.

Nesse sentido, eu gostaria também de lembrar - e nós lembramos isso quando da nossa visita no dia 05 de outubro ao Governador - que esta foi uma data bastante trágica, aqui, para nós, do Movimento de Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul. No dia 05 de outubro completou um ano de morte da nossa companheira de Partido, a Vânia Araújo, que era da Coordenadoria das Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul, e que morreu por negligência médica.

Posteriormente, no dia 19 de outubro - hoje completa um ano - morreu o seu filho, Cauê - e que, também, foi uma perda lastimável, e que poderia ser evitada. Nós queremos lembrar esse episódio trágico para que sirva de exemplo, porque a Vânia Araújo nos deu um exemplo de luta pelas questões das mulheres. A sua família entrou com processos contra o hospital e contra o médico. Queremos lembrar que essas mortes de mulheres em função de complicações de parto, em nosso País, não podem ficar impunes. No caso da Vânia, há dois processos na Justiça em função de uma negligência médica, e isso não pode passar sem que haja, de fato, uma apuração, e que se evite que outras mulheres possam cair nas mãos de pessoas que não têm a competência devida, a qualificação devida para realizar esse trabalho.

Quando nós entregamos esse Relatório que coloca uma série de disposições, gostaríamos que o Legislativo de Porto Alegre cobrasse, que encaminhasse para a Câmara, para a Comissão, enfim, que analisasse esse Relatório e, junto com as autoridades que têm o dever, a Secretaria de Saúde, o Governo do Estado, pudessem, de fato, fazer com que aquilo que foi apontado se transforme em realidade para que possamos diminuir o desperdício de vidas que ocorre no nosso País, e que pode, muito bem, ser evitado.

Agradeço imensamente esse espaço e passamos às mãos do Sr. Presidente, nosso Relatório, para que a Câmara de Porto Alegre tome conhecimento, possa fiscalizar e encaminhar junto ao Executivo as ações aqui apontadas. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Nós recebemos e iremos repassar ao Presidente da Casa, que dará ciência a todos os Vereadores e Vereadoras.

Abrimos espaço para que as Bancadas presentes façam suas manifestações pelo tempo regimental de dois minutos. O Ver. José Fortunati está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, eu gostaria de cumprimentar a Deputada Ana Corso, grande amiga, e, ao cumprimentá-la, cumprimentar a todos os integrantes da CPI e as entidades de mulheres aqui presentes, e cumprimentamos especialmente o trabalho realizado. Este trabalho que procurou, através da CPI, investigar as causas das mortes materno-infantis trouxe à baila certamente um assunto que, entre nós, ainda é um tabu forte. Os índices elevados apontados pela CPI são estarrecedores. Os índices de 110, 140 mortes para cada 100 mil partos é algo assustador comparativamente a outros países da própria América Latina. Nós não estamos sequer comparando com países de Primeiro Mundo onde a saúde pública já avançou, onde se cristalizou, certamente, um atendimento adequado há centenas de anos. Não, comparativamente a países vizinhos ao Brasil os índices que nós temos são, realmente, assustadores. E aponta muito bem a CPI no seu diagnóstico a necessidade de que haja maior volume de recursos financeiros para a saúde pública. É impossível imaginarmos que o atendimento melhore – atendimento não somente nesta área materno-infantil – em todas as áreas da população da saúde pública, se nós não tivermos maiores recursos financeiros investidos. Conseqüentemente, com maiores recursos financeiros investidos, teremos um serviço público de melhor qualidade, com toda a certeza. Fora isso, não podemos apostar - não que eu esteja menosprezando - que isso se dará através do serviço privado de saúde.

É importante e merece a nossa atenção, merece o nosso respeito, mas nós não podemos de forma alguma abrir mão do serviço público, do serviço de saúde pública, que é absolutamente indispensável, especialmente para as populações mais carente do nosso Estado e do nosso País.

Por isso, Sr. Presidente, quero, também em nome da Bancada do PDT prestar uma justa homenagem à companheira Vânia Araujo, uma companheira que prestou, durante toda a sua vida, uma grande contribuição à luta das mulheres e à luta de todos aqueles que sonham com uma nova sociedade. Eu não tenho dúvidas de que ao prestarmos uma homenagem à companheira Vânia estaremos prestando uma homenagem a todas e a todos que lutam por uma sociedade mais fraterna, mais justa, especialmente com as mulheres. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores. Ex.ma Dep. Federal Ana Corso, sou o Presidente da Comissão de Saúde. A Ver.ª Sofia Cavedon ontem me procurou para dizer da presença de V. Ex.ª nesta Sessão e o que podíamos proporcionar à sua jornada através do Brasil. Tenho a dizer a V. Ex.ª que estamos para ir ao encontro em Brasília, - e não de encontro - da Bancada Federal do Rio Grande expondo o que averiguamos, aqui, a respeito da mulher, principalmente, da saúde, das consultas, dos exames, das internações e já estamos agendados para a primeira quarta-feira de novembro, com a Bancada Federal, daí, iremos ao Ministro da Saúde, numa tentativa de apresentar um trabalho que fizemos a esse respeito.

V. Ex.ª tem, na Comissão de Saúde, todo o amparo e todo o apoio que puder e que pretender. Diga-me o que deseja e eu lhe proporcionarei, na medida do possível, porque as missões são muitas e os Vereadores são tão poucos que não podemos dar conta do recado. Trinta e três Vereadores para um milhão e meio de habitantes é inacreditável! Não podemos acompanhar a Cidade no que a Cidade pede e pretende. Então, V. Ex.ª diga o que pretende e nós marcaremos uma sessão, e lhe ouviremos. Nós temos, nas terças e quintas-feiras, às 14h30min, agendadas programações de saúde, visitas e intervenções de grandes organizações que aqui vêm. Não temos tido brecha nessa programação, está sempre ocupada, mas pelo tema tudo indica que V. Ex.ª tem as portas abertas e estamos a sua disposição. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos registrar a presença da Comunidade Vila Joana D’Arc do Morro Santana, numa visita orientada que faz parte do Projeto Educação Política que o Memorial desenvolve junto às escolas da Capital e da Grande Porto Alegre. A Coordenadora é a Sra. Luciane Motta. São trinta pessoas da comunidade do Morro Santana que nos visitam nesta manhã, sejam bem-vindos.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria de dizer que este assunto tem de, cada vez mais, ser debatido e mostrado à população.

Infelizmente, o Brasil tem sido campeão em vários índices. E esse alto índice de mortalidade materna tem demonstrado que precisamos cada vez mais discutir e ampliar alguns conceitos sobre saúde pública. Quando V. Ex.ª falou sobre a questão da hipertensão, hemorragia e principalmente a questão do aborto, nós sabemos que são temas que têm de ser discutidos de frente e não em pequenos círculos. Eu creio que este Relatório vem colaborar em muito para a ampliação desta discussão.

Foi muito bem lembrado por V. Ex.ª e, após, pelo Ver. José Fortunati, o nome da Vânia Araújo que, na plenitude da sua vida, teve a morte trágica que todos podemos acompanhar. Com certeza de que esta morte serviu e servirá de luta para toda uma categoria de mulheres na busca da libertação e da qualidade de saúde pública.

Queremos, em nome do PSB, dar o nosso apoio irrestrito a luta que a senhora tem procurado divulgar. Receba os nossos parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, em nome da cada um dos nossos Vereadores da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quero agradecer e louvar a iniciativa e o esforço que a Deputada Federal Ana Corso tem feito no sentido de divulgar os dados levantados na análise feita pela CPI; nas proposições feitas pela CPI em relação a essa questão tão séria da mortalidade materna.

A nossa intenção ao trazê-la para cá é de dar essa visibilidade e marcar um ano da morte da Vânia Araújo, e marcar com a disposição de lutar para superar as condições que ainda vitimam tantas mulheres. Sabemos que 90% das causas de morte são evitáveis. Existem aspectos fundamentais a respeito dessa questão, que são as condições socioeconômicas; as condições de saneamento básico; as condições de educação; as condições de saúde e de instrução.

Outro aspecto fundamental é, sim, a valorização da mulher. A atenção às questões da mulher, das políticas públicas para a mulher, da superação do preconceito e da moralidade com que se tratam as questões relativas à sexualidade, principalmente à questão do aborto, de nós superarmos esse debate pautado por falsos moralismos, que acabam vitimando muitas das nossas mulheres, principalmente as nossas jovens, em função da gravidez precoce. São muitos aspectos que precisam ser enfrentados, estrutural e culturalmente, para diminuirmos os índices de mortalidade materna.

Eu queria ainda ressaltar que no Rio Grande do Sul registramos, no ano de 2000, apenas 47 mortes. Nós temos um compromisso grande para buscarmos a diminuição desses índices. Esta Casa pode repercutir, analisar, e todas nós, parlamentares mulheres – já conversei com todas as Vereadoras: Helena Bonumá, Maria Celeste, Maristela Maffei e Clênia Maranhão - queremo-nos comprometer junto com a Comissão de Saúde - que prontamente se dispôs a fazer a discussão - e levantar sugestões para a Cidade.

Muito obrigada pelo comparecimento de todos e das entidades do Movimento Gaúcho de Mulheres, do Marcelo Branco, companheiro da Vânia, que nos lembra sempre que precisamos continuar a sua, e nossa  luta. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver.ª Helena Bonumá, solicito a V. Ex.ª que assuma a presidência dos trabalhos, visto que vou ter de me ausentar da Sessão, para ir ao Aeroporto Internacional Salgado Filho receber o nosso Presidente Fernando Henrique Cardoso, para inauguração do mesmo.

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Federal Ana Corso, é grande nossa satisfação em recebê-la nesta Casa.

Como já foi exposto por Vereadores de diversas Bancadas a respeito deste Relatório, realmente preocupante, que faz com que nos debrucemos sobre esse problema no âmbito municipal, e por que não estadual e federal. Eu penso que é um problema do Brasil. É um problema de todos e este Legislativo, como o Executivo, tem de se preocupar. Quem sabe esses dados possam nos dar uma noção real da situação. Os dados que a senhora trouxe a esta Casa são fundamentais, são preocupantes, são alarmantes, até. E com esse Relatório nós poderemos buscar alternativas para amenizar, e muito, esse problema que V. S.ª relatou nesta Casa.

Agradecemos sua presença e queira receber deste Parlamento e do Partido Trabalhista Brasileiro a nossa solidariedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Raul Carrion está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, queremos saudar a presença da Deputada Ana Corso, companheira de lutas. Parabéns pela cruzada em defesa da vida e da maternidade que V. S.ª desenvolve.

Além dos problemas da falência da saúde pública no Brasil, decorrente da falta de verbas públicas e do descaso do Governo Federal, eu creio que esse problema está muito vinculado, também, à grande incidência de partos através de cesarianas, que é algo que se multiplicou enormemente com a crescente privatização da saúde, onde prepondera o interesse financeiro, digamos assim, no sentido de realização do maior número possível de cesarianas. Estudos recentes - de 1999 - indicam que a taxa de morte materna por cesariana é 3,7 vezes maior do que por parto normal; e que as complicações anestésicas, infecções e hemorragias estão muito relacionadas ao tipo de parto, principalmente às cesarianas. Essa é uma questão sobre a qual essa CPI deve ter-se debruçado, e que nós temos de enfrentar com firmeza.

Há também a questão da criminalizarão do aborto; creio que é outra questão que tem grande incidência sobre essa alta taxa de mortalidade feminina, sendo que não é dado o acompanhamento dos serviços públicos de saúde às gestantes nessa situação.

Por fim queremos convidar V. S.ª e todas as lideranças femininas - às quais aproveitamos para aqui saudar - para assistirem na próxima quarta-feira, dia 24, à votação de duas importantes proposições: uma Moção de Apoio ao Projeto de Lei já aprovado na Câmara Federal, que estende à mãe adotiva o salário e a Licença- maternidade e que agora vai para o Senado. Aliás, o Substitutivo aprovado é da nossa camarada Jandira Fegali, Deputada Federal do PC do B, do Rio de Janeiro. Temos uma Moção de Apoio, que será votada na quarta-feira.

Além disso, votaremos um Projeto, destinando 30% das vagas dos programas habitacionais do nosso Município para as mulheres chefes de família, complementando e aperfeiçoando um Projeto já aprovado aqui, da autoria da Ver.ª Clênia Maranhão.

São dois momentos importantes e as lideranças femininas estão convidadas para aqui estarem na próxima quarta-feira. Um grande abraço e prossiga na sua caminhada. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores, Deputada Ana Corso, o meu abraço muito fraterno; Entidades representadas aqui na nossa Câmara de Vereadores. O nosso País e o mundo atravessam grandes dificuldades, do ponto de vista do reencontro de uma sociedade humanizada. E a senhora traz aqui, entre tantos relatórios que, diariamente, vemos publicados neste País de não-valoração à vida humana. E o Relatório que a senhora traz, relativamente, a esta CPI, que aprofundou essa matéria é extremamente triste para todos nós, para toda a sociedade. Gostaríamos de estar discutindo outras questões, e não essa, mas, infelizmente, essa é a realidade de um País em que a exclusão social e o desmando das políticas públicas, em detrimento cada vez mais de uma concentração de renda e de uma não-valorização do ser humano e incentivo à materialidade, leva a tudo isso. É evidente que esta Casa, estuário de uma cidade de luta e que tem posições políticas muito firmes na direção do combate a essas questões, a vinda da senhora aqui é de extrema importância para socializar essa informação e ampliar esse debate.

Portanto, em meu nome pessoal, em nome do Ver. Luiz Fernando Záchia, da nossa Bancada, os nossos cumprimentos, e essa é uma cruzada que não é pessoal, é coletiva, mas que V. Ex.ª tem sido destaque nesse debate. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Excepcionalmente por solicitação da Comissão da Saúde e Meio Ambiente, cedo a palavra ao Ver. Humberto Goulart, que é o nosso doutor, médico na nossa Comissão de Saúde.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores, a nossa saudação à Deputada Ana Corso. Preciso fazer uma pequena intervenção, não só pela luta que vimos fazendo na Comissão de Saúde, mas na minha condição de ginecologista e parteiro nesta Cidade.

Surpreendeu-me, o fato de a obstetrícia, o parto não estar entre as cinco primeiras causas de morte de mulher em Porto Alegre, porque é o câncer de mama, o câncer de cólon, os acidentes vasculares, as causas externas e a AIDS, que atingem mulheres de 11 a 50 anos, na nossa Cidade. Mas mesmo assim, nós não podemos ficar alheios, pois não existe um planejamento adequado para cuidar das nossas grávidas. E nós temos que aqui, neste momento, falar que alguns pré-natais fecham, e pré-natal é a grande salvação da nossa mulher. Todas as mulheres, pela ONU, deveriam fazer cinco consultas, pelo menos, na sua gravidez. E os ambulatórios têm de estar abertos para essas mulheres, e eu não poderia deixar de falar isso.

Existe ainda uma outra situação, que é a mulher que faz a última consulta, Deputada - e nisso nós precisamos da sua ajuda - a mulher faz a última consulta no seu pré-natal e, às vezes, demora, ainda, dez dias para ganhar o nenê, quinze dias, dezesseis dias, oito dias. E nesse período, nenhuma autoridade de saúde acolhe essa mulher, e é neste momento que ela tem os seus edemas, suas pressões altas, suas descompensações de glicose, seu pavor frente ao que virá, pois o parto sempre é uma incógnita.

Então, nós precisamos que a mulher grávida de Porto Alegre seja acolhida depois da última consulta pré-natal, para que não venha a sofrer nenhum tipo de agravo e nenhum tipo de constrangimento psicológico. Se a senhora puder nos ajudar nisso, estará ajudando sempre a mulher esquecida, que é a mulher da última consulta depois do pré-natal até o dia do parto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Nós temos, na nossa galeria à direita, uma visita orientada pelo Memorial desta Casa no Programa de Educação Política do Memorial. Os nossos visitantes são integrantes do Abrigo Municipal Bom Jesus, mantidos pela Fundação de Assistência Social e Cidadania – FASC, com a presença das monitoras Cibele Quadros e Rogélia Amaro. Bem-vindas à Câmara de Vereadoras.

Bem, sendo essas as manifestações das Bancadas, eu, mais uma vez, em nome desta Casa, agradeço a presença da Deputada Ana Corso, que nos trouxe este Relatório que, com certeza, conforme a posição do Presidente da Comissão de Saúde, Ver. Pedro Américo Leal, será estudado pelos Vereadores e terá, também, o engajamento, principalmente das mulheres Vereadoras desta Casa, que conhecem de perto esta realidade da mortalidade materna; terá, aqui, portanto, a seqüência, e o compromisso que a Câmara de Vereadores estudará esse Relatório e buscará junto ao Executivo Municipal, com a coordenação de Direitos Humanos aqui presente, na presença da sua coordenadora Márcia Bauer, Assessoria da Mulher, com as demais entidades feministas da nossa Cidade, buscará dar seqüência a medidas que tornem cada vez menor esse problema.

Quero registrar que, ainda lamentamos a perda da nossa companheira, a primeira Coordenadora da Coordenadoria da Mulher do Governo do Estado, Vânia Araújo, que foi uma mulher lutadora e, ao longo da sua vida, lutou pelos direitos humanos, pelos direitos da cidadania, pela democracia e, principalmente, pelos direitos da mulher. Portanto, foi uma perda muito doída para os militantes lutadores sociais desta Cidade, mas foi, sobretudo, uma perda muito doída para as mulheres que lutam pelos seus direitos. Portanto, em homenagem a Vânia, e como símbolo da sua luta, com certeza, como Câmara de Vereadores, como militantes sociais engajados que são os Vereadores homens e principalmente as mulheres Vereadoras, seguiremos nessa luta, Deputada Ana Corso, dando seqüência às questões que traz o seu Relatório eo tipo de ação e responsabilidade que nós, como instituição pública, podemos e devemos assumir.

Vamos suspender a Sessão por um minuto para despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h37min.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá – às 10h39min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pessoas que nos assistem, não posso dizer que sou católico, meus pais o são, mas tive formação católica, eis que freqüentei o 1º e o 2º Grau em Escolas Lassalistas da Cidade de Canoas. Guardo daquele tempo, Ver. Isaac Ainhorn, algumas reminiscências dos ensinamentos que recebíamos. Do Velho Testamento uma expressão que diz: “Por serdes morno, vomitar-te-ei.” E do Novo Testamento a parábola de Cristo aos Fariseus que dizia: “Cuidai daqueles que fazem largas rezas, que sentam nos primeiros lugares das sinagogas - Ver. Isaac Ainhorn - aqueles que se posicionam nos primeiros lugares, que gostam de ser saudados nas praças.” Dizia Cristo: “Ai de vós fariseus, que edificais sepulcros para os profetas que vossos pais mataram.”

Falo isso, Ver. João Dib, porque fiquei extasiado, na última Sessão, ao ouvir alguns pronunciamentos, aqui nesta Casa, no sentido: “Não se tenha mais nenhuma criança na rua. Segurança, emprego, casa para todos”. Eu fiquei pensando que estava em outro País! Pois esses fariseus são aqueles mesmos que são os responsáveis pelo caos social que impera hoje no Brasil. São eles que juntaram forças, sim; esses que fingem largas orações; alguns, parece que auxiliam inclusive nas igrejas para que se elegesse neste País um governo lesa Pátria; Governo como foi o de Fernando Collor de Melo, como é o Governo de Fernando Henrique Cardoso.

Parece que nós aqui, com 100 milhões de reais para investimentos, temos de resolver o problema da exclusão social, dos menores das ruas. Falo isso, Ver. Raul Carrion, porque batemos ontem um grande recorde, e estamos, Ver. Pedro Américo Leal, com 609 bilhões de reais de dívida interna! Não estamos falando na dívida externa, que já triplicou, desde o advento do Plano Real. Alguns que fazem largas orações, se postam nos primeiros lugares nas igrejas, que pedem o apoio dos cristãos, ajudaram, sim, e outros que usam inclusive microfone de rádio ajudaram a pegar forças políticas, pegar votos para eleger este Governo que conseguiu, de 1994 para cá, sair de 64 bilhões de reais, na dívida interna, para 609 bilhões de reais, batendo todos os recordes, mercê dos autos juros que tem de pagar! E para segurar aqui os dólares, Ver. Pedro Américo Leal, nesse plano suicida, precisam emitir títulos da dívida pública.

Nós estamos falando, Ver. Isaac Ainhorn, em tempo de Comunicação. Estamos dizendo que foi o consenso de Washington que foi aplicado na íntegra, talvez apenas como Carlos Menen, na Argentina, e com Fernando Henrique Cardoso, ou seja, retiraram os serviços públicos, um Estado pequeno para os pobres, um Estado grande para os ricos, liberdade de comércio, menos gastos sociais. E nós chegamos, neste momento, como o país que paga o maior juro do mundo, o país que tem a maior concentração de terra, o país que tem a maior concentração de renda, o país que está perdendo apenas, ou estava, para Honduras e Serra Leoa, e parece que, pelas últimas estatística, nem mais para esses dois países está perdendo.

Batemos, em setembro, o recorde de 609 bilhões de reais na dívida interna, e vamos continuar assim; e os fariseus? Não é o Ver. João Antonio Dib que vem aqui fazer uma fiscalização do nosso trabalho na Cidade, não é para ele que eu falo; eu falo para outros que dizem que rezam muito, que querem igreja dentro da Câmara de Vereadores, que usam microfone de rádio para juntar forças políticas e que vêm cobrar da Administração Popular que resolva as questões da exclusão social, e outros também que vêm aqui falar sobre segurança, porque a falta de segurança advém do desemprego, dos altos juros, da quebradeira, do fim da indústria nacional, que gera desemprego e, aí, gera insegurança. E nós, com 100 milhões de reais, temos de resolver o que esses fariseus fazem ao longo dos anos, entregando o País para os estrangeiros, para o capital financeiro internacional.

Bem falou, aqui, o Ver. Pedro Américo Leal, quando estava aqui a Aeronáutica, na Base de Alcântara, na nossa Amazônia. É dessas pessoas que nós precisamos e não desses que querem igrejas, mas que, na verdade, entregam o País para o capital financeiro internacional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em Comunicações, tempo que lhe cede o Ver. Luiz Braz, com concordância de seu Líder Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu só posso me manifestar, de um lado, com a tranqüilidade, porque a reflexão impõe avaliações serenas e tranqüilas e não manifestações patéticas.

Eu entendo, Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, que há um clima de desemprego no País, um clima extremamente difícil do ponto de vista econômico e nós, do PDT, temos uma visão sobre isso de oposição marcada. Não temos nenhum militante nosso que seja Ministro do Gabinete do Sr. Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. E a nossa posição é de oposição forte e vigorosa, denunciando na mesma linha do Ver. Juarez Pinheiro. Agora, não posso concordar, e eu não sou católico, também, todo mundo conhece a minha profissão de fé, mas, sinceramente, me surpreende os ataques fortes, indignados, contra a Igreja Católica, como se ela estivesse dando sustentação a todo esse quadro. Até porque o Partido do Ver. Juarez Pinheiro tem uma vertente forte dentro da Igreja Católica. Tem até o abençoado Padre Grazziotin, que é Deputado Estadual, pela legenda do PT, então me surpreende muito.

Agora, o problema das dificuldades econômicas, elas não são só de oito anos; até posso dizer que nesses últimos anos elas se agravaram, mercê de uma política que acompanha um perfil de natureza neoliberal. Eu não vejo aqui nenhum Vereador, das bancadas que dão sustentação ao Governo Federal, defender o Governo Fernando Henrique, é curioso! Ministério eles gostam de integrar, mas fazer a defesa do Governo... É curioso, eles não gostam. Daí eles lavam as mãos.

 

O Sr. João Antonio Dib: (Aparte anti-regimental.)

 

O SR. ISAAC AINHORN: Ver. João Dib, eu não lhe dei aparte. V. Ex.ª tem de obedecer o Regimento. V. Ex.ª é useiro e vezeiro em fazer manifestações dessa natureza. Eu concedo aparte. Se V. Ex.ª quiser um aparte pelo microfone de apartes que eu lhe concederei, como faz, disciplinadamente, o Ver. Ervino Besson.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, confesso a V. Ex.ª que eu estou estarrecido com as declarações do Ver. Juarez Pinheiro. Até eu peço que o Vereador retire esse ataque à Igreja Católica. Penso que todas as religiões têm de ser respeitadas. Se existe uma capela aqui dentro da Câmara, deve ser respeitada. Em segundo lugar, vou alertar o Ver. Juarez Pinheiro, que fala tanto em emprego, que também o Partido dele deixou a Ford ir embora de Guaíba, que daria cinco mil empregos diretos e outros milhares e milhares indiretos. Obrigado.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Recolho o aparte de V. Ex.ª e entendo, perfeitamente, a manifestação que V. Ex.ª faz, neste momento, de forma até, de uma certa maneira, indignada.

Mas eu gostaria de dizer que a Segurança Pública é essencialmente uma questão estadual. E não existe, na história do Rio Grande do Sul, uma omissão tamanha como há nos dias que correm em relação à segurança pública. A Brigada Militar, infelizmente, a histórica Brigada Militar, cuja história orgulha a todos nós, por força de ordens superiores, não tem estado presente inclusive nos cumprimentos de determinações judiciais. Agora mesmo, nas invasões com liminares, a Brigada tenta fazer o que não deve fazer neste momento, tem de cumprir a liminar, fica esticando os prazos, cumprindo determinações do Governo do Estado. Mas esse não é o problema. O problema é o da segurança. Tiraram - volto a dizer aqui, Ver. João Dib - um pelotão lá da frente do Hospital de Clínicas, tiraram um Pelotão que lá estava sediado, romperam um convênio. E hoje o Hospital de Clínicas, que recebe 15 mil pessoas por dia em visitas, em tratamentos, em exames, está voltando a enfrentar o clima de caos, de assalto e violência na parte fronteira do Hospital. A 4ª Companhia foi retirada dali, sem explicação nenhuma, simplesmente romperam um convênio sob a alegação de que era ordem do Comando Central e nada mais do que isso.

É lamentável o que vem ocorrendo. Não há ponto da Cidade em que a violência não esteja grassando, a ponto de a sociedade já estar se mobilizando, inclusive para reduzir a idade de responsabilidade penal, porque se instalou o caos e a violência em níveis inigualáveis como os que Porto Alegre, Região Metropolitana e o Rio Grande registram. Nunca vivemos uma situação tão caótica em matéria de segurança. Os exemplos, os fatos estão diariamente – parte deles apenas – nas folhas dos jornais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra em Comunicações por cedência de tempo da Ver.ª Maria Celeste.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr.ª Presidenta, Sr.as e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, público que nos assiste pela TV Câmara. Em primeiro lugar, quero corrigir uma injustiça feita ao Ver. Juarez Pinheiro, que não lhe foi concedido o aparte durante a fala do Ver. Isaac Ainhorn, gostaria de ceder-lhe o aparte.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço, Ver. Marcelo Danéris. Apenas quero dizer que não retiro nenhuma vírgula da minha intervenção. O Ver. Ervino Besson, quem se atribui de religião católica, parece que não conhece a parábola que citei aqui do “fermento aos fariseus”, no sentido de que “guardai-vos do fermento dos fariseus” que é a hipocrisia. Eu ataquei aqui a hipocrisia, não Igreja Católica. Muito obrigado.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Correto, Vereador. Neste tempo de Comunicação gostaria de tratar de um outro assunto. Foi tratado aqui sobre a questão de uma liminar concedida por um Juiz, aqui, em Porto Alegre, que obrigava o Município a incluir no Orçamento Anual para o ano de 2002, a importância de 2 milhões e 400 mil reais para abrigagem, para criação de novas vagas nos abrigos municipais para menores.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só pediria, com todo o respeito ao Ver. Juarez Pinheiro, que V. Ex.ª, neste momento, liberasse o seu discurso dos Anais. Está liberado? Eu vou discutir isso com V. Ex.ª depois.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Então, está liberado, por parte do Ver. Juarez Pinheiro, o seu discurso registrado nos Anais, informa ao Ver. Ervino Besson.

Esse Juiz obrigou o Município a colocar 2 milhões e 400 mil reais para abrigagem. Pois, o Desembargador Alfredo Englert derrubou essa decisão ontem. Por vários momentos, Vereadores vieram a esta tribuna para dizer que a Câmara Municipal de Porto Alegre deveria respeitar uma decisão judicial, visto que o Executivo não havia respeitado, e colocar a Emenda dos 2 milhões e 400 mil reais no Orçamento, que era obrigação do Legislativo colocar no Orçamento uma decisão judicial, visto que o Executivo havia desrespeitado. Pois, o Desembargador Alfredo Englert derrubou essa decisão, sob diversas alegações, e, no seu despacho, ele diz: “Não se pode alegar omissão do Poder Público com relação à assistência à criança e ao adolescente. Multa requerida na inicial que, se efetivada, inviabilizaria a Administração – ponto 2; ponto 3 – Impossibilidade de o Poder Judiciário determinar a forma de o Executivo administrar, em função do princípio de repartição dos Poderes. Sentença mantida.”

É óbvio, é básico, é de conhecimento de qualquer Juiz que o Judiciário, o Legislativo e o Executivo são Poderes independentes, e um não interfere no poder do outro. Isso é basilar da Constituição, Ver.ª Helena Bonumá. Mas o interessante foi ouvir o Desembargador dizer, também no seu despacho, que não havia omissão do Poder Público, inclusive referindo exemplos da ajuda do Poder à APAE, citado pelo Desembargador como um exemplo da não-omissão do Poder Público. Esse Juiz esteve aqui em Tribuna Popular mais para fazer um debate político-partidário do que para cumprir com a sua função de Juiz e julgar as coisas procedentes ao Município, ao interesse público, ele veio fazer um julgamento político-partidário. Veio aqui expressar a sua posição político-partidária, que é respeitável e legítima, não na sua função de Juiz, muito menos em uma Tribuna Popular, e muito menos embasada num erro grosseiro da Constituição, que é interferência do Poder Judiciário sobre o Executivo e colocando sobre o Legislativo a responsabilidade de corrigir o erro.

Há dois erros nisso. Mas alguns Vereadores vieram aqui, Ver. Pedro Américo Leal, e disseram: “Mas se o Judiciário mandou, se o Juiz disse, se o Executivo não cumpre, o Legislativo tem de cumprir.” Pois, agora, o Judiciário está dizendo: “Não façam isso!” Está dizendo para o Executivo que ele não é omisso e para o Legislativo que ele não deve fazer a emenda. Então, se deveria ser respeitada a decisão do Juiz antes, respeite-se agora a decisão do Desembargador: não se coloque a Emenda do montante de 2 milhões e 400 mil, no Orçamento Anual, que era a proposta de algumas Bancadas ou de alguns Vereadores, nesta Casa. Que agora, também, não se coloque essa Emenda sob a mesma coerência que dizia que deveria ser respeitado o Judiciário, respeite-se a decisão do Desembargador e se retire essas Emenda. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra em Comunicações por cessão de tempo da Ver.ª Maristela Maffei.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente em exercício, Ver. Ervino Besson, Sr.as e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, quero fazer um comentário com relação ao debate, posto nesta tribuna pelo Ver. Juarez Pinheiro, que considero da maior importância e compreendo que não foi bem entendido neste Plenário. O Vereador cobra a coerência das posturas que, muitas vezes, em nome da religiosidade, vêm a esta tribuna fazer cobranças, quando, na realidade, abrigam procedimentos e métodos políticos que, ao longo do tempo que temos vivido neste País, têm servido contra os interesses da maioria da população.

Nós vivemos no Brasil uma história de concentração de renda, de concentração de riqueza, uma história de pobreza e de marginalidade da maioria do nosso povo. É muito fácil a nós, que temos a tribuna, virmos aqui fazer comentários sobre essa realidade. A coerência se estabelece quando, investidos do poder de executarmos política, de executarmos tarefas, nós estabelecemos com a sociedade uma relação que permite, sim, a afirmação de uma experiência de democracia, ao contrário do que tem sido a relação autoritária do Estado há 500 anos com a sociedade brasileira. E, também, uma vez investidos do poder do Estado, no Executivo, passamos a desenvolver políticas e ações de governo que invertem a lógica histórica dos investimentos públicos no Brasil, Os recursos públicos que sempre que são, sim, como sabemos e, infelizmente, privatizados, são apropriados por poucos; são malversados, são apropriados privadamente, inclusive, por muitos governantes e por muitos políticos, como temos informações pela imprensa e pelas tentativas de processos e de Comissões Parlamentares, no Congresso Nacional e em outras casas legislativas.

É muito importante que façamos, nesta Casa, esse debate da coerência – como cobra o Ver. Juarez Pinheiro. A nossa tribuna é muito valorosa. O Ver. Pedro Américo Leal dizia que nós somos 33 em 1 milhão e 300 mil pessoas e isso nos dá, Vereador – como V. Ex.ª sempre diz - além de uma responsabilidade extraordinária, um monte de tarefas.

Portanto, não vamos fazer o jogo fácil de vir à tribuna para fazer demagogia. Temos de ser coerentes com a nossa prática de governo, quando somos governo. Quais são os Partidos que dão sustentação ao Governo neoliberal, sim, do Sr. Fernando Henrique Cardoso? A Nação brasileira está satisfeita com as políticas que esse Governo tem, há duas gestões, desenvolvido no nosso País? Os resultados são bons para o povo brasileiro? O que está acontecendo com o servidor público federal? O que está acontecendo com a universidade pública, que é a responsável pela maior parte das pesquisas e que sabemos a importância que ela tem, de formar os quadros que são responsáveis pelo desenvolvimento científico e tecnológico no País? O que está acontecendo com a grande maioria dos serviços públicos, da educação, da saúde e da habitação, da questão agrária, que agora nós temos, muito justamente, o Movimento dos Sem Terra reivindicando em nível nacional e fazendo ações, sim, porque, de outra forma, a Reforma Agrária não sai?

Então, creio que o Ver. Juarez Pinheiro, hoje, estava muito inspirado, quando veio a esta tribuna para fazer essa cobrança. V. Ex.ª foi muito feliz na sua fala, Vereador, pois é necessário que se valorize esta tribuna que temos e que utilizemos, sim, o espaço parlamentar deste Legislativo numa Cidade como Porto Alegre, que tem uma experiência, onde a população é organizada, se articula, participa do debate e da gestação das políticas públicas. Nós queremos, sim, que este Legislativo tenha mais responsabilidade na sua fala e no debate que propõe à nossa Cidade.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Na análise da conjuntura econômica nacional, eu assino e subscrevo o discurso lúcido, inteligente e bem articulado de V. Ex.ª. O que eu não posso concordar, é que, em nome dessa lucidez de análise de conjuntura que faz V. Ex.ª - e a dramática situação dos funcionários públicos federais sobretudo, e desse contexto todo - que não justifique a questão da ausência de uma política de segurança pública para o Estado do Rio Grande do Sul.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Nós temos, pela primeira vez na história do Estado do Rio Grande do Sul, um Governo popular que, de uma forma muito corajosa, Ver. Isaac Ainhorn, está fazendo uma intervenção muito profunda na área da segurança pública. Eu não tenho tempo agora para resgatar algumas dessas medidas que estão sendo implementadas – porque não são apenas propostas - mas elas são também de conhecimento público, de conhecimento da Comissão de Segurança Pública, que tivemos a oportunidade de presidir nesta Casa e que está em fase de relatório, e oportunamente traremos o debate para este Plenário. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)

 

5ª SESSÃO

 

PROC. 3738/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/01, que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de 2002. Com Emendas nºs 01 e 02.

 

PROC. 3739/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/01, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

PROC. 3740/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 028/01, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

PROC. 3741/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 029/01, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

PROC. 3742/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 030/01, que estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC - para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, numa sexta-feira de poucos Vereadores no Plenário, eu tenho de fazer um registro: o pronunciamento do Ver. Juarez Pinheiro fez com que alguns Vereadores, que não estavam sendo citados, colocassem o chapéu. É preciso ter mais atenção.

Antes de mais nada, preciso fazer duas homenagens: uma, ao maior Prefeito que esta Cidade teve: José Loureiro da Silva, que saneou as finanças do Município e permitiu que ele continuasse, até hoje, andando, e, com a Constituição de 1988, ficou melhor ainda. O Prefeito José Loureiro da Silva não tinha computadores na Prefeitura, porque naquele tempo não se usava. O primeiro computador foi instalado na Prefeitura em 1963, e tinha três vezes o tamanho desta tribuna.

Às 09 horas, o Prefeito chegava, dirigia-se diretamente ao Diretor da Contabilidade, Dr. Loreno Leonel Tonin e perguntava: “Quanto entrou ontem na Prefeitura?” E, sem computador, sem as facilidades que o sistema bancário proporciona hoje, o Dr. Tonin dizia: “Ontem, entrou tanto”. O Prefeito então dizia: “Nós vamos distribuir de tal maneira”. Tinha de atender funcionários, atender fornecedores, até que ele conseguiu, com o calendário fiscal, estabilizar as coisas na Prefeitura.

Poderá alguém dizer que eu deveria estar discutindo o Orçamento e estou fora dele, mas eu já vou chegar lá. A segunda homenagem eu preciso fazer ao meu Professor, Antenor Vinck Brum, que dizia que o Orçamento Público deve ser equilibrado, e, não podendo ser equilibrado, ele deveria ser deficitário; nunca superavitário, porque deficitário se explicaria por obras que precisavam ser realizadas,  emergências ou por outros acontecimentos mas superavitário era má administração, era incompetência. O povo estava sendo lesado: cobravam impostos e eles não eram aplicados. É claro que, quando meu professor dizia isso - e eu absorvia suas palavras - e não precisava falar, porque imaginava que os Orçamentos apresentados fossem sérios.

Hoje, na verdade, temos todas as dúvidas sobre a proposta orçamentária da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E hoje temos computadores. Vejam V. Ex.as que, tendo elogiado, saudado duas pessoas que não estão no nosso meio, eu estava falando no Orçamento da nossa Cidade. Por exemplo: não sabemos o Orçamento da EPTC. O nosso Presidente Fernando Záchia tem muita preocupação com os pardais faturadores. Tenho tentado falar com o Dr. Bertotto e não consigo. Mas trouxe, hoje, documentos que estão aí, em que quatro multas foram aplicadas na mesma hora, às 8h47min do dia 26 de junho, com o veículo estacionado na faixa de segurança, e, na mesma hora, no mesmo local, pelo mesmo fiscal, multado por circular no passeio. Não preciso dizer mais nada sobre a incompetência, sobre a falta de seriedade que levou o problema à Justiça, porque o Dr. Bertotto não me atendia, mas eu não conheço o Orçamento da EPTC. No Orçamento apresentado para todos nós discutirmos, há coisas que não dá para entender. Porque o meu Professor Antenor Vinck Brum pensava que sempre se apresentasse um Orçamento era com seriedade, com realidade - e ele que foi Secretário da Fazenda deste Município - ele fez isso. Eu pude constatar, como Vereador, que ele fazia isso, aquilo que ele havia ensinado nos bancos da Escola de Engenharia ele fazia como Secretário da Fazenda.

Que dificuldade tem este Vereador para analisar o problema Orçamento? Arrecadaram de IPTU, em 2000, o montante de 83 milhões e 500 mil reais; propuseram, para 2001, 72 milhões e 850 mil reais. Dizem eles que vão arrecadar 90 milhões de reais, em 2001, e eu penso que sim. No entanto estão propondo, para o ano que vem, para 2002, o montante de 92 milhões de reais. Mas, que seriedade há nesse Orçamento se eles estão propondo um enorme aumento em cima do IPTU? Eles estão escondendo o quê? Mais do que estão escondendo quando lançam 165 milhões e vão cobrar 90 milhões, e aí o Ver. Estilac Xavier me diz que é a Divida Ativa. Não, não é ainda, vai ser Dívida Ativa, porque o próprio Secretário diz que está cobrando 200 milhões de reais de IPTU, este sim, de Dívida Ativa, e eu não sei em que rubrica. Eles não vão entrar no IPTU, vão entrar noutra rubrica.

Então o Orçamento não é sério, não é sério não, porque deveria dizer: lançamos 165 milhões de reais e vai ser colocado aqui. A previsão de arrecadação é isso, não é menos do que isso. E eles colocam assim. O Fundo de Participação do Município, para este ano, foi previsto em 17 milhões e 850 mil reais. No entanto no ano passado já arrecadaram 27 milhões e alguns reais. Será que eles querem que o País ande para trás, que nada de bom aconteça aqui? Que não cresça? Só dívida? Não! Arrecadaram 28 milhões, quase 29 milhões, propõem 17 milhões e 850 mil reais.

E neste ano, já arrecadaram 25 milhões e 400 mil reais até agosto, faltam 4 meses para fechar o ano. Dá a impressão de que nós vamos arrecadar quase 38, 39 milhões de reais, eles estão propondo, para o ano que vem, apenas 25 milhões e 500 mil reais. E com isso há, é claro, neste Orçamento da Administração Centralizada, um superávit de 108 milhões de reais. Mas algumas coisas eles não esquecem; por exemplo, o DEP, que é o problema desta Cidade, a Cidade alagada, que não é socorrida pelo programa de televisão, rádio e jornal, Cidade Viva, teve o seu Orçamento diminuído, quando promessas foram feitas para toda a Cidade, mas 346 mil e 721 reais e 94 centavos são importantes; 94 centavos são destinados à publicidade do DEP. Mas do que ele vai fazer publicidade? Do infortúnio do porto-alegrense que paga taxa de pluvial e vê a sua casa invadida pelas águas e não pode reclamar para ninguém?

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) No caso específico do DEP, permita-me dizer a V. Ex.ª, Ver. João Antonio Dib - um dos poucos valorosos Vereadores desta Casa que, nesta sexta-feira, pela manhã, apesar da importância que tem inauguração do novo Aeroporto Salgado Filho, fica aqui para discutir o Orçamento desta Cidade - queria dizer a V. Ex.ª que, no caso da publicidade do DEP, eu considero importante ter um valor – podemos discuti-lo – para, fundamentalmente, fazermos educação ambiental, pois que, se nós não tivéssemos as bocas-de-lobo tapadas com lixo, com sujeira, às vezes até jogada de carros bonitos, luxuosos, como latinhas de refrigerantes, plásticos e papéis, nós talvez não tivéssemos os problemas que temos em alguns lugares.

Não estou falando especificamente do Bairro São Geraldo, do 4º Distrito – tivemos sobre eles uma audiência pública, aqui, na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, e do Mercosul na terça-feira – mas falo de um modo geral. Eu penso que, neste ponto, a aplicação é correta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Vereador, eu sou grato ao aparte de V. Ex.ª, que diz muito bem que nós temos que manter limpas as bocas-de-lobo. Quando fui Prefeito, nós fazíamos uma campanha: “Menos lixo nos bueiros é igual a menos alagamentos.” Só que, na época, quando o tempo ameaçava chuva – nós escutávamos a meteorologia – nós saíamos com caminhões para fazer essa limpeza. Por isso, havia uma conscientização da população: “A Prefeitura está limpando; nós não podemos sujar novamente. Mas, hoje, nós vimos diminuir a verba do DEP de 18 milhões para 13 milhões de reais, colocando apenas 2 milhões e 600 mil reais para obras. Eu não tenho como entender essa coisa e fico lamentando profundamente que isso ocorra. Eu esperava que, com computadores, com equipes muito maiores, a Prefeitura fosse mais explícita, até para nos explicar a Planta de Valores, que até hoje nós não conseguimos interpretar. É uma fórmula misteriosa. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Esta Mesa apregoa o Ofício nº 104/01, de autoria do Ver. Fernando Záchia, bem como um documento firmado pelo Ver. Paulo Brum, comunicando que o Presidente desta Casa, Ver. Fernando Záchia, e o Ver. Paulo Brum estão representando, oficialmente, este Legislativo na inauguração do novo Terminal de Passageiros do Aeroporto Internacional Salgado Filho.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, representar oficialmente esta Câmara numa solenidade é importante, mas eu gostaria de ter a presença de outros tantos Vereadores para discutir a coisa mais importante que existe numa Câmara de Vereadores. E se lembramos a história do Parlamento, veremos que foi exatamente a discussão dos Orçamentos que fez com que, na verdade, existisse o Parlamento. O Orçamento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre é de 1 bilhão e 500 milhões de reais, em números arredondados. Um bilhão e meio. É pouco, é muito pouco para os desafios que nós temos, porque nós não recebemos, devidamente, de volta para a nossa Capital, o imposto de renda que, principalmente a classe média, os empregados pagam para o Governo Federal. Este é um problema, este é um dilema.

Se nós recebêssemos pela educação infantil, Ver.ª Maria Celeste, se nós recebêssemos pela educação especial no FUNDESP, nós teríamos condições de fazer muito mais e, talvez, também pudéssemos discutir os números da educação, porque, como quer o contador, e Ver. João Carlos Nedel, que apenas no âmbito SMED se discuta educação... Educação se discute, se coloca dinheiro em outras, em várias e múltiplas Secretarias e programas.

Eu, inclusive, cito um programa do Governo do Estado que não está na Secretaria Estadual, nem na Secretaria do Esporte, nem na Secretaria da Cultura, mas é no Departamento Autônomo de Estrada de Rodagem – no DAER, onde se faz a alfabetização lá na ponta do asfalto dos rincões do Rio Grande do Sul. As pessoas trabalhadoras do DAER acabam lendo e escrevendo, tarefa essa que outros Governos não fizeram com essas pessoas. Eu queria discutir melhor o Orçamento desta Cidade, sim. Por exemplo, nós pretendemos gastar com a assistência à criança e ao adolescente 1 bilhão e 750 mil reais, verba para a FASC. Sem dúvida nenhuma, é um dinheiro muito curto, curtíssimo, mas por que nós não colocamos mais? Porque há uma má vontade? Não, pelo contrário, há uma disposição política, há uma disposição administrativa para fazer as coisas. No entanto, o nosso Orçamento não dá condições de colocar mais, este é que é o nosso dilema, este é que é o nosso problema.

E, Ver.ª Maria Celeste, V. Ex.ª, que tem um trabalho histórico na defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente, trabalha com as crianças, eu gostaria de lembrar, mais uma vez, que, se os devedores desta Cidade pagassem o ISSQN devido, nós triplicaríamos essa verba - sem dúvida alguma, só com o que os cartórios não pagam - porque uma Juíza, em um determinado dia, liberou-os do pagamento, por razões que ainda não descobri. Já chamei ao debate público e nunca aparece, esconde-se atrás do manto sagrado da Justiça. A Justiça é sagrada quando não é cega, mas burlar a Lei, rasgar a Lei Federal que criou os serviços, o ISSQN, isso sim é fazer injustiça; isso sim é burlar a Lei. Eu desafio, mais uma vez, só que ninguém vem para esse debate, nem a Juíza, nem os donos de cartório. Eu vou continuar a fazer essa crítica aqui, como já fiz panfletagem na frente dos cartórios. Eu não vou dobrar a minha coluna diante da sonegação, do não-pagamento dos tributos.

Ver. João Bosco Vaz, quando V. Ex.ª presidir, aqui, a CPI da CRT, eu vou-lhe trazer - como já trouxe - alguns documentos, duas pastas volumosas das falcatruas que são cometidas contra o erário municipal, do ISSQN que não é arrecadado sobre todos os 60 reais dos milhares de telefones que foram colocados, mas que as pessoas não tiveram condições de pagar a sua conta mensal. No entanto, pagaram 60 reais, sobre os quais, teriam de ter pago 60 vezes 5%, ou seja, deveriam ter pago regiamente, sobre cada telefone instalado na Cidade, três reais. Os senhores que instalaram seus telefones, pagaram 60 reais, três reais foram roubados da Prefeitura de Porto Alegre. Repito, três reais foram roubados, foram roubados, surrupiados pela CRT TELECOM! Essa é a Lei. Mas eles não vão para a cadeia. Eles continuam ganhando dinheiro. As crianças continuam na rua por falta do dinheiro que eles não pagam para a Prefeitura de Porto Alegre. Essa é a discussão real do Orçamento da Cidade. Há pessoas que torcem o nariz quando eu falo isso; saem do Plenário, não gostam, falam mal, mas eu vou continuar falando: estão roubando o imposto da Prefeitura de Porto Alegre. Toda vez que eu falar com as pessoas, agora, eu vou dizer: os responsáveis pelas crianças que vendem flores na Cidade Baixa são aqueles que não pagam ISSQN para a Prefeitura. Ou os grandes, como disse o Ver. João Antonio Dib, que vão aos tribunais, até Brasília para não pagar o IPTU. A única diferença que tenho com o Ver. João Antonio Dib é que ele pensa que são subterfúgios que utilizamos, essa é a minha única diferença. Vou mais longe, para discutir o Orçamento de Porto Alegre, é preciso pinçar os números.

Continuarei pinçando como fiz acerca da assistência da criança e do adolescente: 1 milhão e 740 mil reais, em números redondos. Vigilância sanitária: 2 milhões e 306 mil reais. Por que eu peguei esse ponto da vigilância sanitária? Porque sem um cuidado prévio, Ver. Doutor Humberto Goulart, V. Ex.ª, os seus colegas médicos - que ontem comemoraram o Dia do Médico, quero aqui parabenizá-los, com um dia de atraso - recebem pessoas que vão a um hospital, que vão a uma emergência, muitas vezes, por um problema de alimentação, de comida que estava estragada. Por isso que tem de haver uma forte fiscalização. Por isso que aprovamos a compra de um prédio específico para a Vigilância Sanitária de Porto Alegre.

Precisamos enfrentar a triste situação em que vivem os moradores da Restinga, por exemplo. Todas as segundas-feiras, quarta e sextas-feiras, quando há coleta de lixo, o lixo vai para rua, e os cães avançam. Cães sarnentos, com vários problemas de saúde e que circulam pela Vila. Nós não temos condições de fazer o que queremos que se faça aqui, aprovando uma lei para termos castração, para a Prefeitura recolher esses animais, tratá-los e colocá-los, devidamente, onde devem ser colocados. Combate às doenças infecto-contagiosas e parasitárias. Esta semana, eu fui na Zoonose e vi o trabalho que está sendo feito, inclusive com o orçamento desta Casa serão construídos vinte baias para os animais maltratados e os cavalos nas ruas, principalmente pelos carroceiros. Ou seja, este é o debate que precisa ser feito nesta Casa.

Pode ser em uma sexta-feira pela manhã, pode ser em uma segunda-feira ou em uma quarta-feira à tarde, nas nossas Sessões. Pena, lastimavelmente, é uma pena que poucos Vereadores se propõem a fazer o debate sobre o Orçamento público da Cidade de Porto Alegre. Terça-feira, houve uma audiência pública proporcionada pela Comissão de Economia, Finanças e Orçamento e do Mercosul. Foi uma pena que estivesse apenas a UAMPA para pedir uma verba para esporte, e a comunidade do Bairro São Geraldo para pedir uma verba específica para o DEP. E os outros? Onde está o debate na audiência pública? Nós ainda não conseguimos, vou propor que a próxima audiência pública não seja feita durante o dia, mas que seja feita à noite, amplamente divulgada para a população de Porto Alegre, para que o povo possa interferir mais e mais no Orçamento, mesmo quando ele esteja aqui, apensar da discussão justa que eu já mencionei antes do Orçamento Participativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, não há, agora, presente, as Vereadoras, mas fica registrado o meu afeto para as minhas colegas. Agradecendo o cumprimento do meu querido colega Ver. Adeli Sell, também venho lembrar a data do dia 18 de outubro em que se comemora o Dia do Médico, essa pessoa que tem uma relação tão interessante com os homens.

No passado, nas comunidades pequenas, era necessário que o homem que cuidava de gente escondesse o seu rosto para que não participasse, quando tivesse descoberto, das reuniões, dos almoços com os seus semelhantes, conhecendo-lhes os segredos, as mazelas, as dores, as incertezas, as tristezas e os sofrimentos. Portanto, denuncia-se aí na figura daquele xamã, que tinha o rosto coberto, essa relação sagrada que havia entre os seres, essa relação misteriosa que havia entre os seres, essa relação necessária que deve haver entre um homem ou mulher que estuda para cuidar de gente e uma pessoa que quer ser cuidada pelo seu semelhante. Essa é a relação médico e paciente que existe, que é sagrada, que a sociedade se descuida, e que os Governos se descuidam a cada momento, a ponto de eu imaginar que neste momento histórico do Brasil e de Porto Alegre, ser médico não é mais uma profissão é uma causa.

Saúdo todos os meus colegas que, a despeito de tudo o que é denunciado aqui, a cada instante, tudo o que é denunciado pelos jornais, televisões e livros, ainda continuam lá, em pé, atendendo.

Para homenageá-los e para que conste, para sempre, nos Anais da Câmara de Vereadores, vou ter a satisfação de ler a mensagem que o Sindicato Médico publicou ontem nos jornais de Porto Alegre:

“Cuide da saúde do médico, só ele pode cuidar da sua saúde. No Dia do Médico, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul solidariza-se com os profissionais que fiéis ao juramento da profissão, estão levando a saúde pública nas costas, mesmo em condições precárias, baixa remuneração e excesso de atendimentos, continuam lutando para que não morra nas filas, o que há ainda de esperança de vida”.

Saúdo a todos os meus colegas, principalmente os que lutam na saúde pública, atendendo os seus clientes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, quero dizer que estive, na tarde de ontem, no Restaurante Universitário da Av. João Pessoa, em uma importante e massiva Assembléia dos Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que, no dia de hoje, completam 85 dias da sua vitoriosa paralisação em defesa dos seus direitos, em defesa da Universidade Pública e gratuita, em defesa, inclusive, do nosso País, ameaçado por este descaso com a Universidade Pública. É importante dizer que, apesar de 85 dias de paralisação, persiste uma grande insensibilidade do Governo Federal que, há sete anos, mantém sem qualquer reajuste os salários desses trabalhadores e, para espanto geral, ainda propôs, a retirada da Gratificação de Atividade Executiva que esses trabalhadores possuem.

 Felizmente, a firmeza dos servidores e professores das Universidades Públicas estão conseguindo forçar o Governo de Fernando Henrique a um recuo. E este Governo já admite, nos dias de hoje, a integração nos salários de 100% desta Gratificação de Atividade Executiva. E, mais que isso, já começa a acenar com o preenchimento de milhares de vagas que, há anos, estão sem serem preenchidas nas Universidades, através de concurso público, o retorno à progressão por titulação e outras reivindicações. Com isso, se abrem perspectivas para o retorno às aulas e para que não seja prejudicado o próximo vestibular que estava dependendo de uma solução para esta questão.

Neste contexto, eu queria estender a todos os Vereadores, o convite para que na próxima segunda-feira, às 15 horas - sei que estaremos em Sessão - para uma grande atividade no Salão de Atos da UFRGS, em defesa da Universidade Pública. E defender a Universidade Pública é defender a nacionalidade, Ver. Pedro Américo Leal!

Por fim, eu queria também lamentar que um tema que eu considerava já vencido na Câmara Municipal de Porto Alegre - que é a questão da redução da idade penal - onde esta Casa, por imensa maioria, aprovou Moção de nossa autoria, repudiando as tentativas de reduzir a idade penal para crianças de até 11 anos - como alguns projetos existentes no Congresso Nacional - volte à discussão nesta Casa. Onde alguns Vereadores fazem uma verdadeira cruzada contra os jovens neste Brasil, apresentando-os como "terríveis criminosos", quando eles são, ao contrário, as maiores vítimas desse sistema social que os marginaliza e os transforma em excluídos sociais.

 Os dados nos mostram que de 20 milhões de adolescentes no Brasil, somente 22 mil, cerca de 1%, cumprem medidas socioeducativas de privação de liberdade. Mas só a quinta parte desses 22 mil, em todo o Brasil, cometeram crimes contra a vida ou a liberdade pessoal. Enquanto isso, para cada 100 crimes de adultos, só 10% são devidos aos jovens. Então, não está neles, meus amigos, prezados Vereadores, a causa da criminalidade neste País. E esta Casa, por ampla maioria, já se manifestou contrária a essa visão que demoniza os jovens.

Portanto, se necessário for, voltaremos a esse debate que já fizemos aqui, com galhardia, para derrotarmos essas visões incorretas. Mas parece que elas ressurgem das catacumbas de vez em quando e voltam à discussão. Queremos dizer que estamos vigilantes e que esta Casa, quantas vezes forem necessárias, travará o debate e derrotará as concepções retrógradas em relação à juventude. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ex.mo Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, não poderia ser mais infeliz o Ver. Raul Carrion ao abordar esse assunto que diz respeito ao menor. O menor é o responsável por quase metade dos crimes que são praticados em Porto Alegre. V. Ex.ª tem dúvida? Eu pego qualquer folha de jornal e o reduzo, o elimino em argumentos em qualquer tribuna. Aqui, por exemplo: eu não sabia que V. Ex.ª ia abordar o assunto. Eu vim aqui discutir esse crime praticado contra o inspetor que morreu, o inspetor Rogério Maciel, de 39 anos, que, cumprindo uma decisão de uma ordem baixada pela Secretaria de Segurança, se identificou. Ele se identificou num táxi-lotação dizendo que era policial. E o que ele recebeu? Três tiros! Não foi um menor que deu. Evidentemente, não foi um menor. Este crime não foi praticado por um menor. Eis, então, a exceção: um crime que não foi praticado por um menor em Porto Alegre. Ora, vamos aqui alardear e proclamar que um crime não foi praticado por um menor. São os menores que estão matando. É o ECA que tem que ser substituído, a sua parte infracional tem que ser modificada. Foi feito por poetas, por homens de gabinetes, por indivíduos que não entendem nada. Não se sabe quem são eles, os que elaboraram o ECA. Foram os juízes, desembargadores, bacharéis que, desavisados e que não têm conhecimento absolutamente de polícia e nem de crime. Eles é que fizeram o ECA.

Mas, voltando ao assunto que me trouxe à tribuna, onde é que o Ver. Raul Carrion pretende defender o menor? Mas o menor está matando em Porto Alegre. Aqui, por exemplo, neste jornal que eu trouxe, não com a intenção de rebatê-lo, diz o seguinte: “Motoboy é morto por um menor”. Agora, o estudante de Medicina com 23 anos, anteontem, ou coisa que o valha, foi trucidado, assassinado por um menor, covardemente. Os menores estão matando, enquanto o Secretário de Segurança está em Portugal e quem o substitui é o Secretário-Substituto, que, aliás, não é Secretário substituto, é o Secretário efetivo. V. Ex.ª tem dúvida? O PT não diz nada, fica calado, desaparece do Plenário. Ficam conversando entre eles, não me dizem coisa alguma, não me respondem, não se interessam pelo caso. É o menor que está matando.

Eu estive no Rio de Janeiro há pouco tempo, questão de duas semanas, e observei o que se passa no Rio e o que se passa em Porto Alegre e constatei a diferença. O pequeno crime - o pequeno crime que eu digo é o grande assalto em relação ao pequeno crime, que é o abatimento de um cidadão, de um operário, é um pequeno crime, enquanto que um assalto ao banco, com morte de segurança e espectadores ou clientes do banco, eu chamo de um grande crime. O que se dá aqui? Pequenas escaramuças, pequenos crimes que a todo o momento se vêem em toda a Cidade. Os jornais estão cheios desses fatos, desses episódios, e até quando isso? O Secretário de Segurança onde está, ó PT? Ó PT, onde está o Secretário de Segurança, ó PT? Não se sabe! O Secretário está em Portugal fazendo conferências. Aqui está o Secretário Substituto! Ele é o Secretário efetivo, é o Secretário Substituto - é uma confusão, você não sabe quem é o Secretário, quem é o Substituto, o efetivo, o substituto, é uma mixórdia incrível na Secretaria de Segurança.

Até já disseram que o Secretário de Segurança deveria ser o Secretário de Cultura. O Governo de Olívio Dutra é todo desarrumado. O Secretário de Justiça e Segurança deveria ser o Secretário de Cultura; o Secretário do Trabalho deveria ser de tal, tal secretaria. Eu não sei, ele não soube compor o seu Governo! Quer dizer, é uma confusão dos diabos. Eu hoje, atendendo a um pedido de dar uma nota ao Secretário Bisol, disse que eu daria uns dois para que ele não arrefecesse e viesse com mais ânimo para a sua Secretaria, mas eu pergunto: onde nós vamos parar? A Cidade está à marola, está à deriva e ninguém faz nada. Onde está o Secretário de Segurança, ó PT? Respondam-me!

O Ver. Juarez Pinheiro conversa - ele é muito inteligente - ele conversa com outros Vereadores para não me responder nada. O Ver. Estilac Xavier sorri, mas também, ele, pateticamente, sabe que o que eu digo é verdade. O que ele pode fazer? O restante do PT desapareceu das bancadas, do Plenário, foi embora, sumiu, ninguém sabe, ninguém viu.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Bosco Vaz.)

 

V. Ex.ª não é Corregedor da Casa, a Mesa está devidamente comandada pelo Ver. Ervino Besson, que é do seu Partido. V. Ex.ª está criticando um colega de Partido, o que, verdadeiramente, quebra a ética. V. Ex.ª não deveria se insinuar em Corregedor.

Então, eu pergunto: o que pretendem fazer neste Estado? Esse policial cumpriu ordens do Secretário, se identificou, e o que recebeu? Bala! Pá, Pá! Foi morto.

As invasões de terras estão campeando neste Estado. Cinco invasões, e um Juiz deu uma sentença - e V. Ex.ª conhece, como advogado, e sabe muito bem o que é uma sentença colocada em dúvida - de que a terra que foi invadida, ela não teve reintegração de posse, por quê? Porque os que invadiram pode ser que tenham razão, mas razão da onde? Ora, este Estado virou de cabeça para baixo. Com isso, eu termino para descanso do PT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, eu vou começar minha fala pelo término do pronunciamento do Ver. Adeli Sell. Penso que o Ver. Adeli Sell fez aqui afirmações, muitas, na nossa avaliação, bastante procedentes e eu tenho sido um duro crítico na relação da Câmara com a sociedade e vou continuar nesse diapasão. Eu acho que a democracia participativa não pode substituir a democracia representativa. E esta Casa precisa, Sr. Presidente, retomar a relação com a sociedade civil organizada, não só no Orçamento mas, também, no Orçamento. Quando vejo uma audiência pública com meia-dúzia de pessoas, sem a participação da sociedade, e isso, de certa forma, é deliberadamente montado por quem está no Governo - e esta Casa aceita isso – para esvaziar o Poder Legislativo. Esta Casa tem que mudar essa lógica; tem que criar melhores condições para as suas comissões técnicas e uma relação qualificada com a sociedade porto-alegrense. Nós vamos continuar nesse debate, pois acredito que ele qualifica a democracia.

Na Pauta Especial, pela primeira vez, Ver. Isaac Ainhorn, estou falando sobre a questão do Orçamento e do IPTU. Eu tive a cautela de, antes de fazer este pronunciamento, fazer alguns levantamentos que - na nossa avaliação – são deveras assustadores. Eu peguei um comparativo do Orçamento de 2000, Ver. Isaac Ainhorn, e vi que a verba para o Gabinete do Prefeito era de 3 milhões, 946 mil reais e alguma coisa. Subiu, no ano de 2001, para 4 milhões, 427 mil reais e alguma coisa. Isso significa que a verba do Gabinete do Prefeito aumentou em 35%. Agora, pego o Orçamento de 2002, Ver. João Antonio Dib, e vejo que a verba do Gabinete do Prefeito passou para 5 milhões e 999 mil e 637 reais com 57 centavos. Subiu 52%, do ano 2000 para o ano 2002!

A pergunta que quero fazer é a seguinte: quanto subiu o Orçamento da habitação de 2000 para 2002? Quanto subiu o orçamento da saúde de 2000 para 2002? Quanto subiu o orçamento das crianças de rua de 2000 para 2002?

Evidentemente, Ver. Isaac Ainhorn, não chega a um terço daquilo que subiu a verba do Gabinete do Prefeito.

Isso mostra que é um Governo que tem o discurso da inclusão social e tem uma prática da propaganda. Essa é a primeira constatação que nós temos que ver.

Vou mais além, Ver. Beto Moesch, vejo aqui a proposta de 1999, o Sr. Prefeito apresentou para o Gabinete 3 milhões e 946 mil reais e realizou 5 milhões e 64 mil reais, suplementando 28% de verba no Gabinete do Sr. Prefeito. Verbas, aquelas, que tenho denunciado que ele usa da reserva de contingência. A reserva de contingência - para aquele que vai lá ver, na definição do Aurélio o que é contingência - mas para o Prefeito Municipal contingência não é chuva, não é intempérie; contingência é propaganda e algumas outras coisas mais. Isso tem de acabar! E esta Casa tem aprovado, aqui, a transferência de dinheiro de reserva de contingência para esse tipo de coisa. Nós temos de rever isso, nesta Lei do Orçamento, agora, porque a Lei de Diretrizes Orçamentárias continuou permitindo isso, com três votos de diferença.

Então, Srs. Vereadores, eu trago à reflexão esses dados. Isso aqui são dados, eu não estou tirando isso de nenhum outro lugar. E mais: o IPTU, Ver. Isaac Ainhorn, em 1990 representava 3,8% na receita do Município. Em 1991, passou para 10%, em 1992 para 11%; baixou, depois, para 6% e, agora, em 2000, é de 11,49%. Por que estou dizendo isso? Estou dizendo que, além da reforma tributária, que é da Constituição de 88, que transferiu muitos recursos para os Municípios, para a Capital do Rio Grande do Sul, o Governo Olívio Dutra, eleito em 1988, fez uma reforma tributária em 1989, criando uma série de taxas que não tinha nesta Cidade e aumentando o IPTU, que era de 3,8%, para 10%, 11% e 12%.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Sebastião Melo, eu penso que responsabilidade se assume e não se transfere. O Prefeito não tem tempo de examinar a proposta orçamentária, porque viaja muito para o Exterior e para o Interior. Agora, ele está coordenando os diretórios do PT no Interior, para que ele possa ser candidato de consenso. Veja V. Ex.ª que ele havia prometido não ser candidato. Então, nós não temos a responsabilidade do Prefeito. Já passou para o Vice-Prefeito, João Verle, para que ele possa cuidar a campanha para Governador do Estado.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Muito apropriado, Ver. João Antonio Dib, eu penso que realmente o Sr. Prefeito não tem olhado este Orçamento; o Gabinete de Planejamento conhece mais. Talvez o Prefeito conheça bem o Orçamento do Mercado Comum Europeu, para onde ele viaja muito. Portanto, talvez tenha adentrado nesse assunto com mais profundidade.

Mas dentro deste debate do IPTU e do Orçamento, quero trazer uma outra questão, Ver. Pedro Américo Leal, que eu tenho ouvido desta tribuna e tenho constatado. O Plano Diretor que V. Ex.as aprovaram em 2000 – nesta época, eu não era Vereador - estabeleceu, tirando a área rural, criando a área rururbana. E no art. 19 do Plano Diretor diz o seguinte: “Da promoção econômica - é necessário estimular iniciativas próprias da população, o surgimento de locais de trabalho próximos das áreas onde vivem as pessoas, e incentivar a produção de alimentos e criação de animais.”

Depois, no Inciso IV, do mesmo artigo, diz o seguinte: “Incentivo à propriedade máxima, conforme cadastramento e análise do Poder Executivo, devendo fomentar tal atividade mediante a utilização de política tributária municipal, utilizando para tanto a redução das alíquotas do IPTU, até a eliminação do imposto.”

Então, quando vejo, com todo respeito, alguém subir nesta tribuna e dizer que “agora estamos ajudando a agricultura de Porto Alegre”, isso é uma grande mentira! Porque eles fizeram o seguinte: criaram a área rururbana e mandaram os carnês para os proprietários no Lami, no Canta Galo, na Ponta Grossa, alguns carnês de 25 mil reais, de 30 mil reais, de 50 mil reais, e agora sabe o que eles fazem, Ver. Isaac Ainhorn? Eles reúnem estes agricultores lá no aeroclube do Rio Grande do Sul e dizem: “vão lá pressionar os Vereadores, porque se não aprovarem o IPTU que está aí vocês, vão ter que pagar isso aqui.” Só que, na verdade, essa é uma mentira. Por quê? Porque eles tinham que cadastrar as propriedades produtivas, e não cadastraram, lançaram o edital agora. E a Lei Ferronato, que foi Presidente desta Casa, incentiva a produtividade. Então, eles tinham que cumprir a Lei.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Há poucos momentos, usou a tribuna desta Casa, o eminente Ver. Juarez Pinheiro, e ele invocou aqui o Velho Testamento lembrando a hipocrisia dos fariseus. Veja V. Ex.ª, Ver. Sebastião Melo, se há hipocrisia maior entre os fatos que Vossa Excelência, neste momento, traz ao conhecimento deste Plenário, e desta Cidade, e aquilo que está escrito no Orçamento da Cidade? E estão dizendo que estão ajudando a Cidade. Pasmem, todos.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, para finalizar quero fazer um apelo a esta Casa e a V. Ex.ª que conduz os trabalhos: primeiro, temos que fazer um seminário sobre a questão do IPTU Progressivo, mas um seminário que oportunize o Governo dar a versão dele e que oportunize outros setores da sociedade a dar a sua interpretação sobre esse Projeto do Governo. Eu não aceito esse seminário unilateral em que só uma parte vai expor sua versão. Um seminário ou audiência pública para o que a Casa tem de se aprofundar. Onde está a posição do Gabinete de Planejamento desta Casa sobre esse IPTU? Qual é a posição da Casa sobre essa matéria? Eu tenho procurado os técnicos da Casa para analisar a matéria e não os encontro. Isso está errado. O Governo manda para cá, nós não temos instrumentos para analisar: vamos aprovar ou vamos rejeitar. Isso está errado, Sr. Presidente! Se não têm técnicos, que contratem alguns emergencialmente para analisar essa matéria, Ver. João Bosco Vaz. Isso mexe com a vida da Cidade.

Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Ervino Besson, V. Ex.ª, como eu, temos relações profundas, como outros Vereadores, com os produtores desta Cidade. Eu quero propor aqui da tribuna que, imediatamente, esta Casa, por alguns dos seus Vereadores ou por iniciativa da Mesa, proponham um debate com o Sindicato dos Produtores Rurais e dos Trabalhadores Rurais para que nós possamos mostrar a esses agricultores o outro lado da história, porque, até agora, só o Sr. Comassetto, que lá comanda o Plano Diretor do extremo sul, e é ligado, é filiado ao PT, que é apoiador do PT, diz que não precisa trazer Vereador, que tem todos os dados. Não! Nós queremos oportunizar esse debate. Se esta Casa não o fizer, eu vou procurar o Sindicato para que possamos fazer um debate com os produtores rurais sobre a matéria do IPTU rural, que na nossa avaliação está sendo colocada uma inverdade, porque tudo que está nesse Projeto, é o que o Governo não implantou de 2000 para cá e agora quer “vender o peixe”, dizendo que agora vem a salvação da Pátria, o que não é verdade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, o Ver. Isaac Ainhorn diz que eu citei o Velho Testamento, e citou a parábola dos fariseus, que veio à colação nesta manhã. Ver. Isaac Ainhorn, o que eu disse do Velho Testamento, é a expressão: “Por serdes morno, vomitar-te-ei”. É por isso que gosto de V. Ex.ª, porque V. Ex.ª não é uma pessoa morna, V. Ex.ª sempre teve lado. Até o tempo do Julinho, um lado e, depois, dali continuou mais um tempo e, atualmente, tem outro lado, mas sempre tem lado. É por isso que eu gosto de V. Ex.ª.

Ver. Isaac Ainhorn, eu estive, um tempo atrás – e discute-se agora a questão da progressividade – para minha felicidade, assistindo à formatura do Curso de Ciências Jurídicas e Sociais de uma funcionária da Casa. Faz uns dois anos. Proferiu, lá, uma palestra, o hoje Desembargador, ex-Juiz, Adão Sérgio Nascimento Cassiano.

Eu quero, aqui, trazer à colação, alguns excertos daquela memorável formatura, pelo brilho dos Formandos, mas também pelo brilho do seu Paraninfo, que disse, entre outras coisas – ele é professor de Direito Tributário -: “A questão assume superior gravidade quando buscamos saber quem paga a conta, de um lado, decorrente do aumento arrecadatório, de outro, decorrente de renúncias de receitas.”

Sabe-se, Ver. Isaac Ainhorn, que 65% a 70% da carga tributária deriva de tributos indiretos, isto é, de tributos cujo custo é transferido pelo mercado ao consumidor final, incluído no preço dos produtos. Tais tributos indiretos oneram, igualmente, ricos e pobres sem qualquer distinção, demonstrando com isso a injustiça do modelo. O Desembargador, que não é do PT, Ver.ª Helena Bonumá, mas que, repito, hoje, é Desembargador do Tribunal de Justiça, continua dizendo: “A carga tributária brasileira além de elevada é maldistribuída, pois quem ganha mais paga menos e quem ganha menos paga mais, situação que configura uma brutal injustiça fiscal.”

E ele, Ver. João Antonio Dib, Desembargador do Tribunal de Justiça – concluo com o excerto da sua intervenção - diz ainda o seguinte: “A ilegitimidade, portanto, alcança o processo eleitoral a partir de uma legislação que já principia viciada. Daí, que a representação no Brasil é um mito; não é difícil saber por quê. Com facilidade, legisla-se cortando aposentadorias, pensões e direitos sociais, e, até hoje, não se legislou instituindo o imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição de 88. É bem verdade que, em 1989, o então Senador Fernando Henrique Cardoso, apresentava projeto visando constituir esse tributo, que, por motivos óbvios, fadou-se ao fracasso”. Eu falo isso, Ver. João Dib, porque nós estamos diante da possibilidade de fazer justiça social.

Nós temos, para debater nesta Casa, o IPTU, que é o imposto direto. Ou seja, um imposto que, se bem aplicado - e não como quer o Ver. Isaac Ainhorn, com o seus redutores - possibilita que façamos justiça social. Por que possibilita? Porque, hoje, é claro nas pesquisas que tem o próprio IPEA, o IBGE, que os ricos gastam muito menos com habitação do que gastam os pobres. E nós podemos dizer que essa é a questão da regressividade fiscal, ou seja, no orçamento de cada família, o que gasta uma pessoa com mais recursos é muito menos, no percentual do seu orçamento, do que gasta uma família com poucos recursos. Então, está em nossas mãos aqui uma possibilidade objetiva de fazer justiça social.

Agora, quero falar, Ver. João Dib, de uma coisa que V. Ex.ª tem referido: não é de justiça social, é de justiça fiscal. Nós temos hoje uma Planta de Valores, que são dados cadastrais imobiliários de 1989. Eu pergunto a V. Ex.ª, já vou lhe conceder o aparte, será que há justiça fiscal ao fazermos a cobrança com base no valor venal, seja imposto com progressividade ou não, em cima de valores que foram verificados em 1989? E nós temos atualmente o fato de que, no que tange aos apartamentos na Cidade, hoje eles correspondem a apenas 18%, o valor venal do valor de mercado. No caso dos terrenos, o valor venal corresponde a 27% do valor de mercado. E no caso dos apartamentos, Ver. João Dib, a aproximadamente 31% dos valores. Eu vou conceder o aparte a V. Ex.ª e o tempo que V. Ex.ª precisar. Eu quero chamar a atenção de V. Ex.ª, Ver. João Dib, para que possa me apartear e emitir também o seu juízo de valor. O fato de que não mexer na Planta de Valores é uma irresponsabilidade, é fazermos com que imóveis que hoje têm um valor menor paguem mais do que imóveis maiores ou imóveis que têm o mesmo valor, um contribuinte pague menos e outro pague mais.

Eu pergunto, Ver. João Dib: será que existe justiça fiscal nesses casos?

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Juarez Pinheiro, a Planta de Valores atual foi ilegalmente publicada no dia 28 de dezembro de 1991. Eu gostaria de examinar a Planta de Valores que está sendo proposta agora, mas eu confesso que não tenho bola de cristal e não dá para examinar. E há vários dias eu venho pedindo para a Liderança do PT, ao próprio Secretário, que me expliquem como se faz a leitura daquela fórmula, porque eu não a entendo.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: O nosso Líder, Ver. Estilac Xavier, está atento, e a sua intervenção, Ver. João Antonio Dib, além da inteligência que lhe caracteriza, mostra a sua sensibilidade no fato de que - eu entendo como uma resposta que - sim, temos obrigação de verificar a Planta de Valores, porque ela não corresponde mais a uma realidade da Cidade. E o Ver. Estilac Xavier, com certeza, buscará os dados que V. Ex.ª requer.

 

 O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu indagaria a V. Ex.ª, que trata do assunto, se acha a condição do Prof. Lineu Chemelo, proprietário de um único terreno na Rua Cel. Salustiano, no Centro da Cidade, ter um imóvel, em um terreno de 4 metros de testada, num valor, em 1999, de 37 mil e 908 reais... Pagava 2 mil e75 reais; cuja área é de 132 metros quadrados, 6% de alíquota. Eu pergunto o seguinte: V. Ex.ª acha que, sobre um imóvel de 40 mil reais é possível ele pagar, no ano de 2002, 4 mil e 500 reais de IPTU? Ou isso é um confisco. Por parte da Prefeitura de Porto Alegre.

 

 O SR. JUAREZ PINHEIRO: O que o Ver. Isaac Ainhorn fez aqui foi uma tautologia, porque ele é um homem inteligente, tem poder de síntese e fez aqui uma tautologia para me tirar da linha de raciocínio, mas não vai conseguir fazer isso! O Ver. Isaac Ainhorn pega de uma forma pontual uma situação e procura contextualizá-la. Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª, sendo contra a progressividade no IPTU, se coloca contra a sua própria história, porque sabe que esse é um dos poucos tributos neste País, com o qual se pode fazer justiça social. Ou seja, fazer com que aqueles que têm menos tenham uma carga...

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª quer atacar o professor...

 

(Som cortado conforme determinação da Presidência. )

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Obrigado, Sr. Presidente. Ver. Isaac Ainhorn, eu já havia lhe concedido um aparte de quase 2 minutos. Eu quero dizer que a progressividade... E está na Folha de São Paulo de ontem, quem quiser acompanhar o artigo, que é belíssimo, de um grande jurista - Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª, que lê a Folha de São Paulo todos os dias - observará que ele diz que não se trata de poder ou não ser progressivo o imposto. O que o professor consagrado e com doutorado diz é que a progressividade, hoje, é uma obrigatoriedade de todos os municípios brasileiros que têm a possibilidade de, com ela, fazer a justiça social, têm possibilidade de, com ela, fazer com que a concentração absurda de renda que existe neste País possa ser, no âmbito dos municípios, minorada.

Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª faz uma disputa de ordem partidária, mas sabe, lá no fundo, que a progressividade é questão de justiça fiscal, que uma nova Planta de Valores é questão de progressividade e justiça social, que a Planta de Valores, Ver. Luiz Braz, é questão de justiça fiscal. Sei que esta Câmara de Vereadores vai ter, ao final desta discussão, a sensibilidade de entender isso e modificar a Planta de Valores, e fará com que os pobres paguem menos e os ricos paguem mais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta Especial. Ausente. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o conjunto de ações das políticas sociais da Prefeitura tem sido extremamente atacado nesta tribuna. Coloca-se freqüentemente que elas são frágeis, que são poucas e que, inclusive, o Ministério Público está acionando a Prefeitura para abrir mais vagas nos abrigos, como um exemplo de que elas não são efetivas. E venho aqui afirmar novamente que nunca se investiu tanto em políticas sociais em Porto Alegre como neste período da Administração Popular. E os números são claros. Em 1989, o montante de 91 milhões de reais eram aplicados em políticas sociais. Em 2000, temos o valor de 360 milhões de reais - Orçamento do ano passado. Isso significa quatro vezes mais investimentos em políticas sociais do que há 10 anos.

A FASC especialmente tem tido um crescimento grande no seu Orçamento - Fundação de Assistência Social e Comunitária do Município - inclusive veio, neste período da Administração Popular, a se constituir como uma fundação de assistência, vamos ter um órgão que se dedica à assistência social. Em 1996, a FASC contava com 11 milhões de reais no seu orçamento e, em 2002, temos 31 milhões de reais previstos para a FASC. Mas não é só a FASC que faz política de assistência social, e é isso que eu queria discutir um pouco mais aqui. Porque a ação que indica que Porto Alegre deve abrir mais vagas em abrigos desconhece que o programa de assistência, o programa de trabalho com adolescentes e com crianças não deve, não pode se restringir a abrigos. Para chegar a abrigar um jovem, principalmente o adolescente - porque com a criança em situação de violência, em situação de abandono é mais fácil, ela vai para a Casa de Passagem, ela não tem tempo de rua – o adolescente que perdeu seus vínculos, que está fora de casa por situação de violência, de desamparo, de brigas e que já tem uma experiência de rua, que não tem constituído em si aquele conceito, aquela sensação de pertinência, os valores de pertencer a uma família, os elos afetivos que o estruturam para ter uma vida mais situada, regrada, coletivizada, esse jovem precisa de muita ação social e integral que o cerque para termos condições de colocá-lo num abrigo e, ali, ele poder permanecer e estruturar o seu projeto de vida.

Temos, sim, ainda, falta de vagas, com certeza. Neste momento há um edital aberto pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente para a constituição de mais uma casa-lar. No entanto, a Prefeitura de Porto Alegre já tem, de forma própria ou conveniada, muitas vagas para diferentes atendimentos de crianças e adolescentes. O Ingá Brita, que é um abrigo que está sendo bastante discutido nesta Casa pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, pelas denúncias que ele trouxe a esta tribuna e pela constituição da Comissão Especial, é um abrigo exemplar pela vitória que conseguiu ter com muitos adolescentes. Adolescentes, estes, com história de vida na rua e com vínculo familiar rompido. É, a partir desse perfil, que temos de analisar o trabalho e a ação do Ingá Brita, que tem trinta e oito vagas.

Não podemos imaginar que é tranqüilo abrigar, oportunizar educação, orientar uma formação profissional para adolescentes com essa história. Se com os nossos filhos, com toda a estrutura que temos, já é difícil, já é complicado e desafiador, imaginem trinta e oito adolescentes com situação de rua, com situação de drogadição, com situação de desamparo e de abandono.

É claro que o Ingá Brita enfrenta dificuldades, mas ele, na ação articulada com a rede de atendimento, tem tido vitórias memoráveis. Porque trabalhar com crianças não é contar números, não basta dizer: “São tantas mil crianças.” Tem-se que trabalhar com cada uma, cada história pessoal é uma vitória difícil de conquistar que demanda muito serviço, porque, nesse caso, a situação é diferente da de uma criança que já vem, desde pequenina, com um vínculo, com a formação de vínculos claros, de valores claros, com a formação afetiva. Essas crianças, nesta situação de abandono, esses jovens precisam reconstituir tudo, e mais, precisam construir o que nunca tiveram construído para conseguir projetar e ter perspectiva de vida.

Nós temos Casa de Passagem com 25 vagas, é um abrigo de proteção especial para crianças de 7 a 12 anos que sofrem violência ou abuso; a Casa de Acolhimento, 34 vagas, para crianças e adolescentes em situação de rua; o Acolhimento Noturno, que abriu neste ano, no Centro da Cidade, que foi uma das aquisições mais preciosas, difícil de constituir, até pelo debate que fazíamos de não sedimentar os jovens na rua, o conjunto das pessoas que agiam, que agem, que se envolvem e militam pela criança e pelo adolescente custaram a compreender que era necessário, sim, acolher apenas à noite os adolescentes com os quais ainda não conseguimos constituir vínculos suficientes para que saiam da rua. Nós temos este abrigo, na Rua Voluntários da Pátria, um abrigo com 100 vagas.

Esse abrigo acolhe os adolescentes no início da noite, eles vão lá só para dormir, eles têm banho, uma situação de convivência, de manhã eles têm o café. Dali, então, a Prefeitura está conseguindo direcioná-los para outras ações como são as Oficinas de Arte no Araújo Viana; como a Casa Harmonia na Cidade Baixa, onde há todo um trabalho voltado para o problema das drogas, há técnicos, profissionais especializados nessa área; como a Escola Porto Alegre-EPA, uma escola diferenciada que acolhe esses meninos e meninas com problemas de drogas. O Serviço de Apoio Sócio Educativo-SASE, do Lar Dom Bosco, onde há 50 vagas e oferece atividades educativas, recreativas, formativas para esses jovens durante o dia.

O fato de constituir um abrigo noturno não significa que, por atender só à noite - eles dormem bem, acordam bem, trocam de roupas, têm o café da manhã - eles estejam abandonados durante o dia; pelo contrário. Eles só não estão abrigados integralmente, porque é muito difícil sem um processo de transição, e esse processo é oferecido por essas oficinas culturais, pela Escola Porto Alegre, pelo SASE, pelo atendimento sócio-educativo, pela ação da saúde através da Casa Harmonia, e mais, pelo trabalho educativo, que é um elemento novo, que é a oportunidade da aprendizagem de um ofício, portanto a experimentação de ganhar a vida a partir da sua própria ação, a descoberta da sua vocação está sendo oferecida para esses jovens. Só esse conjunto de ações consegue ser efetivo na retirada dos meninos e meninas da rua.

Quando se fala em meninos e meninas de rua devemos parar de falar em ter mais abrigos somente. É muito mais complexo que isso. E é nessa perspectiva mais abrangente que as nossas políticas sociais têm-se direcionado. Certamente com essa perspectiva do trabalho mais integral é que nós teremos sucesso em cada uma das crianças e jovens da nossa Cidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estive na tribuna, na Sessão passada, onde vim falar sobre a receita do Município. Eu volto ao assunto. O atual imposto, um dos principais impostos que sustenta o Município, imposto próprio, é o IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano - cujo objeto, fato gerador desse Imposto é a propriedade, é o valor venal do imóvel. O valor venal do imóvel é aquele valor que se negocia no mercado. Este é o conceito do fato gerador.

Eu relatava que, atualmente, nas exposições de motivos do Sr. Prefeito encaminhadas sobre essa matéria, ele, na tabela n.º 2, dá exemplos de apartamentos onde estabelece o valor venal versus preços de venda. Eu citava o caso do prédio da Rua Santa Flora, cujo valor no mercado é de 25 mil reais, mas que tem anotado na Prefeitura um valor venal de 1mil e 681 reais, ou seja, 6,72% do valor estabelecido, e esse cidadão paga um imposto de 14 reais e 29 centavos. Talvez os assistentes do Canal 16 estejam pensando que estou falando sobre um imposto a ser pago em um mês, não, é em um ano todo. É um modesto imóvel de 25 mil reais em valores de mercado, mas que na Prefeitura, pela planta, está com o valor de 1mil e 681 reais. Isso na Rua Santa Flora. Se o Ver. João Antonio Dib bem se recorda, a rua é uma alça que liga a Av. Cavalhada-Teresópolis com a Rua Dr. Campos Velho, aliás, uma obra feita pela Administração de Porto Alegre, ainda no Governo do Prefeito Olívio Dutra, mas entregue em janeiro de 1993, pelo Prefeito Tarso Genro, quando então eu já ocupava a titularidade da Secretaria Municipal de Obras e Viação.

Na Rua Pedro Werlang, também, tem um imóvel de 25 mil reais, mas está anotado na planta o valor de 12 mil e 971 reais. Já aqui, nesse imóvel, com os mesmos padrões, para podermos fazer a comparação, esse cidadão de Porto Alegre, proprietário desse imóvel, que tem o seu valor inscrito na Prefeitura - corresponde algo em torno de 52% do valor real de mercado - esse cidadão, contribuinte de Porto Alegre, paga 110 reais e 25 centavos. Ou seja, por essa distorção, que atinge todas as faixas, nós temos, aqui, uma injustiça fiscal e um exemplo de regressão.

Mas, vamos adiante, vou pegar um imóvel de 30 mil reais, na Rua Padre Ângelo Corso, valor venal inscrito na Prefeitura: l mil e 836 reais, 6%; imposto pago, não no mês, quero alertar, mas no ano, 15 reais e 61 centavos. Aqui, temos um exemplo de regressão.

O imóvel da Rua Pedro Werlang, de 25 mil reais, que falei há pouco, que está inscrito por 12 mil reais e paga 110 reais, é um imóvel de menor valor que esse da Padre Ângelo Corso, de 30 mil reais, mas, está inscrito com 1 mil e 800 reais, paga 15 reais. Um que tem um imóvel de 25 mil reais, paga 110 reais, o outro tem imóvel de 30 mil reais e paga 15 reais, por ano.

Este é um assunto que importa à Câmara de Vereadores ou não? De fato, importa, porque isso significa a regressão fiscal. Quem deveria pagar mais está pagando menos. Por quê? Pela forma como estão, aleatoriamente, em todas as faixas, distribuídas as distorções, desde os imóveis mais modestos até os imóveis da classe dos que existem na Av. Cel. Lucas de Oliveira de 180 mil reais, que é um imóvel classe média, de bom padrão. Mas, até, aqui, temos diferenças.

Eu estou falando sempre em imóveis do mesmo padrão para podermos comparar. Imóveis de 180 mil reais, eu tenho três exemplos: vou falar de um da Rua Comendador Rheingantz, de 180 mil reais, que paga, ano, 432 reais; depois, vou falar de um imóvel de 180 mil, na Rua Marquês do Pombal, que paga 603 reais; e vou falar do imóvel da Rua Cel. Lucas de Oliveira, que paga 871 reais. Bom, aí, já temos um problema. Todos os imóveis de um mesmo valor de mercado. Nós temos uma faixa que vai de 432 reais a 871 reais de valor de IPTU. Talvez os Midas das esperanças e dos ouros malpintados, não vou usar a expressão que eu acho chula quando se fala de ouro falso, vão de dizer o seguinte: “Vamos reduzir tudo para 434 reais, mas depois vamos colocar 2 milhões de reais para o DEP para fazer isso, ou aquilo. Vamos botar mais 2 milhões de reais não sei onde, vamos resolver isto, aquilo...” e isolam a realidade da Cidade disso. Mas desse problema real, que pode ser resolvido, que é justiça com os contribuintes de Porto Alegre, não se fala.

Aqui está um exemplo de regressão fiscal: Rua Fernandes Vieira, próximo ao Pronto Socorro, um imóvel de 100 mil reais está pagando, porque está inscrito com o valor de 57 mil reais na Prefeitura, está pagando o IPTU de 484 reais. Passei para a faixa do imóvel lá da Comendador Rheingantz de 180 mil reais que paga 432 reais, ou seja, um imóvel custa 80 mil reais a mais, mas ele tem 50 reais a menos de pagamento de imposto no ano. Não estou falando por mês, estou falando ao ano. E esta tabela, Ver. João Antonio Dib, é uma pequena amostra, é um simulacro de um conjunto de exemplos que estão espalhados – falo e repito - por todas as classes sociais. Não é privilégio dos grandes e valorosos imóveis, nem dos pequenos, é porque os mecanismos e as distorções criados ao longo do tempo fizeram com que haja freio aqui, põe lá, reprime aqui. Evidente que nenhum cidadão vai chegar lá no fisco da Prefeitura e dizer: “Olhem, meu imóvel foi mal-avaliado.” O que os senhores imaginam que faria o cidadão que tem um imóvel de 180 mil e está avaliado em 50 mil? Outro tem o valor de 180 mil e tem um preço de 102 mil na Prefeitura. Alguém acha que este cidadão irá se apresentar na Secretaria da Fazenda e dizer: “Olhem, o meu imóvel é do mesmo padrão dos outros”, ou “Alguma coisa está errada”, ou “Eles estão pagando a mais do que eu estou pagando”, ou “Estou pagando a menos e, como sou um cidadão consciente, estou me apresentando para que corrijam para o valor exato, o valor que eu devo pagar”.

Distorções! Por isso, essa matéria está sendo apresentada para a preciosa análise dos Vereadores, aqui, de Porto Alegre. Para uma responsável análise, como eu sei, inclusive, daqueles que são contra. Nós podemos nos dividir em duas grandes posições. Há Vereador que diz: “Rejeitemos in totum, não aceitemos” - e faz um discurso - “a classe média vai ser penalizada.” O Ver. Isaac Ainhorn, agora há pouco chegou a mencionar o exemplo de um terreno baldio. Ora, o terreno baldio, pela Constituição, pelo Estatuto da Cidade e por qualquer outra forma que é de se pensar, até pelo valor social da propriedade, tem que ser gravado a mais no imposto; isso é correto? Então, ele coloca aqui, para apartear o Ver. Juarez Pinheiro de que: “Bem, há aqui um terreno, é 40 mil reais o terreno, ele paga 2 mil reais de imposto.” Ora, ele só não disse um detalhe: o terreno é baldio, é especulativo e, quando o terreno é baldio, é especulativo, o fisco vem porque estamos falando, aqui, do uso do solo urbano e o seu valor social. Nós estamos falando, aqui, da possibilidade de fazer justiça fiscal quando há proprietários que têm o mesmo bem e pagam diferentes impostos, uns mais que os outros, por quê? Estamos falando em justiça social porque é correto quem tem mais pague mais do que aqueles que têm menos. É isso que dá o equilíbrio das contas e não é para menos que, quando se fez o Projeto, Ver. João Dib, se usou e se atentou para a Lei da Responsabilidade Fiscal, ou seja, quando se estabeleceram cinco níveis de isenções.

Vou concluir, Sr. Presidente, com a mesma tolerância que todos os outros oradores tiveram, aumentando a isenção de três para quatro salários mínimos; aumentando a isenção daqueles imóveis, hoje, que são de 3 mil e 800 reais até 14 mil reais; estarão isentos! Estaremos isentando os proprietários que têm áreas de reservas ambientais, uma vez que, hoje, os proprietários preferem ver essas reservas devastadas porque pagam imposto. Que interesse teriam em preservar se ali não podem edificar, se não podem usar? Pois, agora, o estimulo da isenção é o estimulo da preservação. A isenção das propriedades agro-pecuárias familiares até 30 hectares. Quando se dizia que iríamos transformar a zona rural em urbana para aumentar imposto, é o contrário, estamos isentando, e todos aqueles que pagarão imposto não pagarão a mais do que o imposto que pagavam pelo territorial rural.

Eu vou concluir, Sr. Presidente, dizendo que voltarei a discutir esta matéria, porque sei que há pessoas que têm lucidez de raciocínio, lógica argumentativa, como é o caso do meu nobre colega Ver. João Antonio Dib, e não só me refiro a sua profissão, como engenheiro, mas ao homem público que é, fará, de fato, as suas observações críticas ao Projeto, mas reconhecerá, naqueles elementos que são corretos, aquilo que tem de ser aprovado nesta Casa e não fará da tribuna um simples louvor ao repúdio e à rejeição porque isso é desserviço à Cidade e a todos aqueles que serão beneficiados pelo Projeto do Imposto Territorial Urbano, que nós deveremos votar em breve. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Encerrada o período de Pauta Especial. Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0507/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/93, de autoria do Ver. João Motta, que estabelece diretrizes gerais para a criação e funcionamento de Cooperativas Habitacionais Populares no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Substitutivo nº 02 e Emendas nºs 01, 02, 03, 04 com Subemenda nº 01, 05 e 06 ao Substitutivo nº 02. (desarquivado pelo Ver. Raul Carrion)

 

PROC. Nº 3614/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 243/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Semana Educativa para Conscientização e Doação de Órgãos no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emendas nºs 01 e 02.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2221/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 049/01, de autoria da Verª Helena Bonumá, que dispõe sobre a utilização de programas de computador na Câmara Municipal de Porto Alegre. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 2254/01 – SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria dos Vereadores Ervino Besson e Sebastião Melo, que institui linha especial de serviço de lotação para atendimento ao Bairro Belém Novo, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 142/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo.

 

PROC. Nº 3702/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 251/01, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Rua Alberto Sehbe Simon um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. Nº 3736/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 253/01, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que revoga a Lei nº 8.125, de 6 de janeiro de 1998, que denomina Av. Senador Darcy Ribeiro um logradouro irregular localizado no Núcleo Esperança, no Bairro Restinga Velha.

 

PROC. Nº 3790/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 254/01, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que autoriza o Executivo Municipal a construir o Memorial pela Paz no Parque Moinhos de Vento.

 

PROC. Nº 3805/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 255/01, de autoria do Ver. Adeli Sell, que acrescenta os incisos XVI e XVII ao art. 11 da Lei nº 3.187, de 24 de outubro de 1968, e alterações posteriores, que estabelece normas para a exploração do Comércio Ambulante e dá outras providências.

 

PROC. Nº 3900/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 099/01, de autoria da Mesa Diretora, que dá nova redação à letra "b" do § 1º do art. 58 do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores. (composição Comissões Temporárias)

 

PROC. 0859/00 – SUBSTITUTIVO Nº 01, que dispõe sobre a utilização de programas de computador na administração pública de Porto Alegre, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/00, ambos de autoria da Ver.ª Helena Bonumá.

 

PROC. Nº 3603/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 022/01, de autoria do Ver. Ervino Besson, que cria o Conselho Municipal de Justiça e Segurança, os Fóruns Municipais Regionais de Justiça e Segurança e os Conselhos Comunitários de Justiça e Segurança.

 

PROC. Nº 3660/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 248/01, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Júlio Heinzelmann Petersen.

 

PROC. Nº 3939/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 007/01, que altera e acrescenta dispositivos às Leis Complementares nºs 07, de 07 de dezembro de 1973, e 48, de 28 de dezembro de 1979. (IPTU Progressivo) Com Emendas nºs 01 a 05.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3555/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 239/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que acrescenta dispositivos à Lei nº 6.806, de 21 de janeiro de 1991, que dispõe sobre o estacionamento de veículos nas vias e logradouros públicos de uso comum, onde for permitido, e nas áreas urbanas pré-determinadas.

 

PROC. 3598/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 241/01, de autoria do Ver. Luiz Braz, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Empresário Jaime Antônio Sirena Pereira.

 

PROC. 3770/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 093/01, de autoria da Mesa Diretora, que denomina Biblioteca Jornalista Alberto André a biblioteca da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3624/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 084/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que concede o prêmio Quilombo dos Palmares à Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora.

 

PROC. 3668/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 249/01, de autoria do Ver. Paulo Brum, que institui, no Município de Porto Alegre, a Semana do Trânsito e dá outras providências.

 

PROC. 3682/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 091/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que torna itinerante a exposição sobre os 40 anos da Legalidade, promovida pela Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. 3686/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 250/01, de autoria dos Vereadores Ervino Besson e Adeli Sell, que dispõe sobre o licenciamento de guarita para a prestação de serviços de segurança privada.

 

PROC. 3687/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 092/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Senhor Jorge Luís Lopes Gomes.

 

5ª SESSÃO

 

PROC. 3609/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 082/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que altera o inciso II do art. 68 do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (prazo/CPI)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. João Motta - e, com saudosa memória o lembramos - que já não mora mais em Porto Alegre, tem hoje um Projeto que entrou nesta Casa em 1993, e há meia dúzia de Emendas de um Vereador que já não é mais Vereador, também, e nós vamos ser obrigados a estudar esta coisa, em que a Procuradoria da Casa, num brilhante parecer, confrontando Procurador com Procurador diz que cabe ressalvar apenas que o Projeto de Lei não contempla as exigências do artigo 14, incisos tais e tais da Lei 5.764, que regulamenta o problema Cooperativa. É norma federal.

Atrai interferência na Administração e funcionamento de órgão municipal, que é o DEMHAB. Mau ferimento ao disposto no artigo n.º 94, inciso IV, da Lei Orgânica. É princípio constitucional e orgânico a independência dos poderes. Ele foi Secretário de Planejamento, não fez nada em função disto aqui, poderia ter feito. E agora, depois de 8 anos nós vamos ter que... E ele foi Presidente da Casa, inclusive, e não fez acionar esta coisa.

O Ver. Aldacir Oliboni quer que se institua a Semana Educativa para Conscientização e Doação de Órgãos no Município de Porto Alegre. Pelo amor de Deus, não dá para fazer esta Lei, Vereador, isso se faz todos os dias, aí não vamos fazer Lei, até porque está mandando o Executivo fazer coisas que não pode o Vereador mandar fazer. Está mandando a Câmara fazer algumas coisas que não pode ser com o Vereador, tem que ser através da Mesa Diretora.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há esse famoso IPTU, que o nobre e eficiente Ver. Estilac Xavier mostrou aqui alguns dados que, de repente, podem comover alguém que não esteja bem informado a respeito do IPTU. De repente, nem sempre aquele que tem um bom prédio tem o maior poder aquisitivo; se faz justiça social, mandando quem tem mais pagar mais.

Eu vou dar um exemplo das proximidades de onde moro. Há uma casa de bom tamanho, de boa qualidade, mas só havia uma coisa: a pessoa que ali residia não tinha recursos para pagar o IPTU violentíssimo que a Prefeitura aplicou, ilegalmente, em 1990, 1991 e 1992; fez uma Lei que nunca teve aprovada a Redação Final, e antes de o Presidente da Casa – que era o Ver. Antonio Hohlfeldt – comunicar ao Prefeito que a Redação Final não havia sido aprovada - e ele fez essa comunicação no dia 30 de dezembro de 1991 - já no dia 28 havia sido editada a Lei como se aprovada fosse. Então, a Planta de Valores é desonesta. Agora vamos modificar a Planta de Valores. Eu até acredito que deva ser modificada. Mas não com a apresentação que a Prefeitura fez, que até agora não trouxeram alguém aqui para esclarecer como eu vou analisar os valores que ali estão. O IPTU é um dos tantos impostos que o povo brasileiro paga. Faz-se uma análise como se nós só pagássemos IPTU! Não, o brasileiro paga muitos impostos e paga muito, do que tem, em impostos!

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Antonio Dib, ouço-o atentamente e quero expor duas questões. A primeira: a Prefeitura se fará presente na figura dos técnicos da Fazenda, Secretário José Eduardo Utzig e membros da Escola de Engenharia, que fizeram o Processo encaminhado à Casa, no dia 30, terça-feira, a respeito do qual nós discorremos e discutiremos todos os critérios para entendimento das complexas tabelas, sobre o que eu concordo com V. Ex.ª.

Em segundo, e por último, há um estabelecimento, sim, de que renda e valor de propriedade são diretamente proporcionais.

No estudo feito pelo Projeto, uma família de renda menor precisa de 30 meses para pagar um imóvel, enquanto que quem tem renda maior precisa de 20 meses. Dos financiamentos de 13 mil estudos feitos, o que significa dizer que há um maior compromisso da renda com o item habitação. Desculpe ter cortado o seu tempo, Ver. João Antonio Dib.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sem dúvida nenhuma, foi no interesse de buscar solução. Mas eu devo dizer que não é assim tão simples para ser analisado. Nem sempre aquele a quem se atribui o maior imposto é o que tem mais recurso para pagá-lo. Eu penso que isso deveria ser examinado com muito mais cautela. Mas fico contente de ver que o nobre Vereador, meu ilustre e querido colega Estilac Xavier, que é engenheiro como eu, também não sabe ler a Planta de Valores que a Prefeitura mandou para cá. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. e Sr.as Vereadoras. Permitam-me alguns esclarecimentos sobre o IPTU “O Governo de Porto Alegre, na esteira da legislação federal, propõe-nos o IPTU progressivo, além de um reestudo da Planta de Valores. O seu intuito é o aumento da eqüidade na cobrança do IPTU; preservação do patrimônio histórico, cultural e natural do Município, a fim de garantir o equilíbrio urbano e a qualidade de vida; estímulo à manutenção da atividade agropecuária no Município; distribuição da carga tributária do IPTU, de forma a permitir a capacidade contributiva e participação mais efetiva do IPTU na receita local. É intenção da Prefeitura reavaliar os imóveis, estabelecendo a cobrança com uma taxa progressiva sobre os valores mais próximos possíveis aos do mercado imobiliário. Cabe lembrar que a Planta de Valores vigente na Capital foi elaborada com as informações imobiliárias coletadas entre os anos de 1989 e 1990, e aprovado pela Câmara Municipal em 1991. A avaliação de 1999 foi parcial. Não revista de fato nos últimos 10 anos, existe, portanto, uma acentuada diversidade entre o valor real de mercado dos imóveis e aquele que é concretizado no lançamento do IPTU.

Hoje os apartamentos são avaliados, na média, em 17,72% do real valor de mercado de imóveis; os terrenos, em 27,11%; e as casas em 30,64%. É bom exemplificar, no IPTU de 2000, podemos ver algumas disparidades: um apartamento de 25 mil reais, na Santa Flora, pagou 14 reais e 29 centavos; na Av. Teresópolis, 21 reais e 85 centavos; na São Lucas, 33 reais e na Pedro Werlang, 110 reais e 25 centavos.

Como esses, há muitos exemplos de imóveis que são vendidos no mercado imobiliário pelo mesmo preço, e estão avaliados, para fins de cobrança de IPTU, por valores completamente divergentes, indicando falta de isonomia no tratamento dos contribuintes.

A proposta em pauta na Câmara prevê que o IPTU siga os seguintes aspectos: determinação de seis faixas de valor venal, incidência de alíquotas progressivas, na medida em que aumenta o valor do imóvel, imposição de escala gradual de progressividade, evitando, assim, a variação brusca do valor do imposto para imóveis com valores próximos aos limites mínimo e máximo, estabelecidos nas classes de valor ao qual incidem as alíquotas, que podem ser consideradas razoáveis. Para os imóveis territoriais as alíquotas permanecem mais elevadas do que para os imóveis construídos. Haverá isenção, ou descontos, para espaços, como reserva particular do patrimônio natural, preservação do patrimônio histórico e cultural, e outros.

Eu disse, falei: IPTU, alguns esclarecimentos, e os fiz por escrito.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, é a primeira vez que ouço e vejo V. Ex.ª, dessa tribuna, lendo. É porque havia alguma dificuldade, ou porque trouxeram alguma informação capciosa. Esqueceram de dizer que há 1ª Zona fiscal, 2ª Zona fiscal e 3ª Zona fiscal, eu fiquei preocupado, mas acho que isso tudo V.Ex.ª deve ter considerado.

 

O SR. ADELI SELL: Sem dúvida alguma. Eu disse: IPTU, alguns esclarecimentos. Fiz o pronunciamento por escrito, com dados e informações precisas, para não deixar qualquer dúvida. Ninguém vai-nos colocar saia justa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entre tantos projetos que tramitam na Pauta, existem três de nossa autoria. Um deles diz respeito ao aumento do prazo das CPIs nesta Casa. Eu reafirmo - na nossa avaliação - que são vários os problemas pelos quais as CPIs não têm dado certo nesta Casa, mas um deles é o exíguo tempo que esta Casa tem para averiguar os assuntos com profundidade, como por exemplo, com relação ao DEMHAB. Portanto, estamos propugnando pelo seguimento daquilo que a Assembléia Legislativa e o Congresso Nacional já têm nos seus regimentos, quais sejam, o prazo de seis meses para a CPI.

O outro Projeto de Lei recebeu, com muito prazer, um Substitutivo do Ver. Ervino Besson. Na verdade, não gostaria que houvesse a necessidade de um projeto de lei para atender a uma comunidade que não está querendo transporte de graça, não está querendo nenhuma benesse do Poder Público, mas quer ter o direito de ter uma lotação no Bairro Belém Novo, até porque, como todos sabem, é um bairro distante da Cidade e que tem dificuldade de horários e ônibus. O Poder Público é insensível a isso, porque os abaixo-assinados que foram feitos já passam de quatro ou cinco, e foram feitas várias reuniões, e nem o Poder Público nem o Secretário dos Transportes respondem aos pedidos nesse sentido. Aliás, ele é um Secretário dos Transportes muito distante do povo, mas ele deve estar preocupado com as questões técnicas da Secretaria, porque ao povo ele não gosta de atender, muito menos aos representantes do povo.

Eu quero adentrar um pouco mais no assunto do Projeto que tramita aqui, que se refere à Área Azul. O nosso Projeto, Ver. Estilac Xavier - e V. Ex.ª sabe da minha divergência, com a forma autoritária e arrogante, como o Poder Público instalou os parquímetros nesta Cidade, sem discutir com a população e muito menos com a Câmara - visa a humanizar o parquímetro. Eu sempre ouvi das autoridades constituídas, e acho que elas falam com seriedade, que o propósito da Área Azul, Ver. Luiz Braz, deveria ser educativo. Sempre ouvi isso, desde 10 ou 12 anos atrás. Mas eu vejo que, “no caminhar da carroça”, ela se tornou muito mais arrecadatória do que disciplinadora.

O nosso Projeto tem 3 pontos básicos. O primeiro ponto é isentar a primeira hora do cidadão que vai estacionar na área do parquímetro. E faço a seguinte justificativa: quem vai comprar um jornal, quem vai à farmácia, quem vai fazer um pequeno depósito tem o direito de estacionar o seu carro pelo período de meia hora no máximo, e, portanto, essa pessoa estará isenta de pagar a Área Azul.

Segundo: nós criamos uma carência, Ver. Estilac Xavier, de 10 minutos para quem ultrapassa o tempo. Se você ultrapassar um minuto, você recebe uma multa de 5 reais, que pode ser recolhida em moedas, ou, então, você tem que ir à Av. Alberto Bins, o que causa transtorno à vida do cidadão. Então, nós queremos humanizar a Área Azul do seguinte modo: se o cidadão comprou um tíquete por uma hora e ultrapassou cinco minutos, ele não pagará multa, até um limite de 10 minutos.

Terceiro: nós pensamos que o cartão não deve ter um valor tão alto. Por quê? Alguém, por exemplo, não quer comprar um cartão de 20 reais. Quando as moças e os rapazes operavam na Área Azul e vendiam o tíquete, era uma coisa simpática, agradável, muito boa. A gente estacionava e já vinha um rapaz ou uma moça oferecendo um, 2, ou 3 tíquetes, ou a cartela inteira. O que nós estamos propondo pelo nosso Projeto é que seja vendido cartão de valor a partir de 5 reais, pelos próprios agentes da empresa operadora do sistema. Essa é uma outra mudança que nós consideramos que humaniza a Área Azul de Porto Alegre.

A outra questão é que a multa por excesso de tempo de uso de vaga não poderá ultrapassar 20%. O cidadão hoje paga 50 reais para estacionar e, se ele atrasar um minuto, tem de pagar 5 reais de multa. Cá para nós, isso não está correto! Nós consideramos que uma multa de 20 % é demais.

Então, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, este Projeto visa a qualificar, humanizar esta Cidade, que nós queremos que seja, um dia, em qualidade de vida, como as cidades européias, mas que ainda não o é. Então, quando eu vejo comparativos dizendo que a questão dos parquímetros dá certo na Europa e nos Estados Unidos, temos que ver que há diferenças culturais e que, ao longo da caminhada, se Deus quiser, chegaremos lá, mas ainda não estamos neste estágio. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; aqueles que nos assistem aqui e nas suas casas. Estamos vindo à tribuna no dia de hoje, no período de Pauta, para debater o PLL 10/93 - de autoria do Ver. João Motta, que tivemos a iniciativa de desarquivar - que versa sobre “criação e funcionamento de cooperativas habitacionais populares no Município de Porto Alegre”. O Ver. João Antonio Dib já fez referências negativas a este Projeto e nós queríamos expor o nosso ponto de vista. Primeiro, o nosso objetivo é elaborar um projeto que viabilize às cooperativas habitacionais melhores condições. Tendo em vista a existência nesta Casa do Projeto do Ver. João Motta, nós tivemos a cortesia, o cuidado - para manter a iniciativa original do nobre Vereador, que foi Presidente desta Casa - de desarquivá-lo. É um projeto que já foi bastante amadurecido na Casa, discutido com as cooperativas, assim por diante. Mas o nosso objetivo é, além de resgatar o projeto original do Ver. João Motta, trabalharmos no sentido do seu aperfeiçoamento; talvez, com um Substitutivo e também para que os demais Vereadores possam contribuir com o seu brilhantismo, inclusive, o Ver. João Antonio Dib, para facilitar a vida das cooperativas.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª concede um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Raul Carrion, não tenho dúvida nenhuma de que V. Ex.ª tem condições para fazer um novo Projeto. Todas as dúvidas que eu tenho é que o Ver. João Motta, durante oito anos, inclusive presidiu a Casa, não acionou o Projeto. E outro Vereador que também fez meia dúzia de Emendas não está mais aqui. V. Ex.ª poderia ter analisado e feito um projeto com a sua fisionomia, com a sua seriedade, com a sua competência.

 

O SR. RAUL CARRION: Nós tivemos a preocupação de não querer partir do zero e fazer "vistas grossas" a um projeto que teve uma longa tramitação nesta Casa. Foi um zelo que pensamos ser melhor do que fazer um novo projeto, ignorando tudo aquilo que a Casa já produziu. Mas procuraremos aperfeiçoá-lo e fazer as modificações necessárias. Qual a importância desse Projeto? Primeiro, sobre a questão de eventuais ilegalidades. Queremos dizer que já em 1973, a Auditora desta Casa opinou que a proposição está de acordo com a legislação que está anexa. Sobre o aspecto jurídico nada a opor. Então, não é um projeto que tenha qualquer vício insanável, e procuraremos aperfeiçoá-lo.

A essência desse projeto é fomentar a construção habitacional, a realização de melhorias e a expansão de infra-estrutura por cooperativas habitacionais autogestionárias e populares. Ou seja, criar uma legislação mais favorável a elas. Alguns aspectos importantes: legislação que permita, a essas cooperativas, credenciarem-se junto ao agente financeiro municipal e serem consideradas agentes captadores de recurso junto ao DEMHAB. Temos uma Lei Estadual, que acaba de ser aprovada, que também permite ao Governo Estadual repassar valores às cooperativas.

Então, está faltando no nosso Município essa legislação. Há pouco tempo, negociando a solução do problema dos ocupantes do IPE Glória, e a aquisição de uma área por eles, defrontamo-nos, nas negociações com o DEMHAB, com a inexistência de uma legislação que permitisse o repasse de verbas que o Estado havia passado ao Município para essas comunidades. Por isso, a necessidade dessa legislação. O projeto também é importante, porque, através deles, as cooperativas terão uma carência de 6 meses - havendo, inclusive, uma emenda que permite que esses 6 meses sejam prorrogadas para 1 ano - a partir do último repasse para o início dos pagamentos. Também há uma limitação no valor dos juros, de 0,5 - só meio por cento - ao mês mais a correção monetária. E o prazo do pagamento do empréstimo é de até 25 anos.

Por fim - e vou concluir, Ver. Ervino Besson - os pagamentos que as cooperativas farão serão destinados ao Fundo Municipal de Desenvolvimento, para novos financiamentos, criando uma espécie de Fundo Rotativo. Por tudo isso nós pensamos que esse Projeto é valioso para a nossa Cidade e trabalharemos, Ver. João Antonio Dib, no sentido do seu aperfeiçoamento, contando também com a sua contribuição. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um dos Projetos da Pauta, hoje, é sobre prazo de CPI. Acredito que o Ver. Luiz Braz, o Ver. Antonio Hohlfeldt e o Ver. João Antonio Dib, com certeza, estavam na Casa, quando foi feita uma CPI, por exemplo, sobre a FUNDATEC. Eu estava na legislatura anterior, fizemos uma CPI sobre a questão do Montepio. Sobre a questão de dizer que a CPI não dá certo, cito um jornalista, com o qual mantenho relações, ele, como jornalista; eu, como Vereador, e são apenas essas as nossas relações, o Burd do Correio do Povo, que disse que as CPI’s da Câmara não dão certo.

O que é dar certo uma CPI, eu pergunto, Ver. João Antonio Dib? Dar certo uma CPI significa que seus membros façam as investigações, façam o relatório, encaminhem este material todo ao Ministério Público, para que o mesmo proponha           as medidas, se houverem no caso, na órbita cível e penal. Pelo que sei, por exemplo, na questão da FUNDATEC, houve o entendimento de que não haveria necessidade de notória especialização. Não seria o caso. Haveria, sim, a necessidade de licitação. Foi dado pelo Ministério Público. Foi controvertido. A CPI deu certo; deu resultado, e, se não me engano, era presidida pelo ex-Deputado, Vereador e Governador, na época, Jair Soares. Corrijam-me se estou errado. O Ver. João Antonio Dib, eu e vários Vereadores, fizemos em três semanas - contando com a Procuradora-Geral, duas secretárias e um cofre para guardar o Processo - uma apuração extremamente difícil. Conseguimos, de forma categórica, pegar três fatos determinados.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Juarez Pinheiro, com muitos obstáculos colocados, para que a CPI não funcionasse.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Com muitos obstáculos, mas com o apoio da Procuradora-Geral que, inclusive, interpôs uma medida judicial e obrigou, sob vara, que um dos investigados aqui comparecesse, no caso, o Sr. Luiz Carlos Mendelski, que estava em lugar incerto e não sabido, e, por isso, não compareceu. Mas apuramos, por exemplo, em três semanas, o fato do superfaturamento em torno de 100% na aquisição de imóveis, pagamento a corretores nacionais e internacionais, no caso Buenos Aires, Lisboa, e apuramos também uma série de outras questões que levaram a que o Ministério Público propusesse um Inquérito Civil sigiloso, já com quebra de sigilo.

 Então, como é que o Burd vai dizer que a CPI não deu certo, como os Vereadores vão dizer que CPI não dá certo. Eu quero dizer que subscrevi, e sou o primeiro signatário, se me emprestarem o cofre que está na CEDECONDH, a designação de uma secretária, e a Procuradora-Geral da Casa, nós fazemos essa CPI; preciso um mês para fazer, não precisa de mais estrutura, o cofre que está lá na CEDECONDH, a Procuradora-Geral e uma ou duas secretárias funcionárias do quadro, nós fizemos a CPI. E fizemos no prazo de 60 dias.

Quero inclusive dizer o seguinte; sei que o Ver. Haroldo de Souza, por exemplo, que queria fazer a apuração, inicialmente, não teve a intenção de fazer 19 itens na CPI do DEMHAB, ao menos é o que veio ao meu conhecimento, não foi dito por nenhum Vereador, o Ver. Haroldo queria, com seriedade, fazer 6 itens, que entendia como fatos determinados. Não sei por que colocaram 19 fatos genéricos. Daí não tem como fazer CPI mesmo, pode colocar todo o quadro funcional, pode chamar o quadro de procuradoria que quiser, não vão fazer, precisam de mais de uma legislatura, porque os fatos não são determinados. Acho um grande equívoco, no caso, eu repito, se tiver Procuradora-Geral, duas secretárias e o cofre da CEDECONDH a gente faz a CPI como se fez a outra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Encerrado o período de Pauta. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tivemos, hoje, nesta Sessão na Câmara de Vereadores, um belo exemplo de como a Bancada do Partido dos Trabalhadores gosta de omitir fatos, fugir de explicações e trazer discursos absolutamente oportunistas. Omitir fatos. Ouvi aqui toda uma cantilena desenfreada sobre o neoliberalismo do Governo Federal, mas não consegui ouvir nem mesmo um registro ou um reconhecimento, porque é importante para Porto Alegre e tem a participação, apesar de tudo, do Governo Estadual e do Governo Municipal, na inauguração do Aeroporto Internacional Salgado Filho, que está ocorrendo exatamente neste momento, enquanto nós estamos aqui nesta Sessão. Não ouvi também nenhum registro sobre a participação do Governo Federal, com muito dinheiro, nas obras do Porto de Rio Grande, no Gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, na Termelétrica da REFAP; no Programa de Metrô Porto Alegre-São Leopoldo. Faço esses registros até para que depois não venham dizer que as obras são do Governo do Estado, como gostam de dizer, ou da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Tivemos hoje aqui a questão de fazer calar, porque ouvi, por exemplo, da Ver.ª Sofia Cavedon, uma loa ao Abrigo Ingá Brita, mas não ouvi a resposta da Vereadora, às denúncias que eu fiz, objetivamente. Eu denunciei, objetivamente, um fato, e a Vereadora repetiu o de sempre, ou seja, o lero-lero: “O Ingá Brita é lindo, maravilhoso, nós não precisamos de ter muito abrigo”. Mas não se respondeu, se afinal de contas a Diretora do Ingá Brita é ou não responsável pelo desrespeito ao ECA e pela violência sobre um jovem adolescente que lá estava, e aí cala-se, tenta-se jogar com a memória das pessoas.

Eu ouvi do nobre Vereador Estilac Xavier, Líder do PT, uma série de pinçadas, de situações, onde talvez se justificasse a revisão do IPTU, dos quais parece-me que seria, absolutamente, justa a revisão do IPTU, mas o Vereador esqueceu de dizer, e como Presidente da CEFOR é isso que eu vou querer ouvir do Secretário Utzig, sobre quais foram exatamente os critérios trabalhados para a revisão da Planta de Valores - quer sejam técnicos da UFRGS, do Banco Central ou Mundial, para mim é a mesma coisa - eu quero saber os critérios para entendermos exatamente, porque das duas uma, ou nós vamos revisar caso a caso, literalmente, todos os imóveis de Porto Alegre e, portanto, não há comissão nem da UFRGS que dê conta disso em alguns meses, porque eles não são Deus, nem a computação vai conseguir salvar essa situação, ou então, novamente, o que estamos fazendo é um chute no escuro. Se é chute trancar os aumentos do IPTU e as suas revisões, em um patamar determinado, gerando as distorções, e eu concordo, Ver. Estilac Xavier, simplesmente trancar é gerar distorção, também vai ser chute e também vai gerar distorção, simplesmente aumentar genericamente por regiões.

Não temos outras alternativas além dessas duas, a não ser que me digam, e eu vou ouvir depois, aqui, muito atentamente o Ver. Estilac Xavier. Vou repetir, ou se faz revisão de um a um e, certamente, isso não foi feito, ou vai, de novo, se chutar. E, aí, realmente eu não estou disposto a dar cheque em branco e vou dizer por quê. Porque, certamente, o Ver. Estilac Xavier tem razão, quando diz que um cidadão que estivesse pagando a menos provavelmente não teria a iniciativa de pedir para pagar mais. Mas o problema tem outro lado. É que, infelizmente, os funcionários da Prefeitura, quando são procurados por um cidadão de Porto Alegre, apontando distorções contra ele, também não são capazes de promover a revisão e corrigir a distorção, baixando o imposto. Os exemplos nós temos às dezenas, inclusive um cidadão que está perambulando pelos gabinetes nos últimos dias. Só se engoda as pessoas.

Mas, por fim, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queria fazer um último registro. Os companheiros do PT adoram falar no Orçamento Participativo, na mobilização popular, na participação de todo o mundo, só que, curiosamente, nos últimos meses, nas últimas semanas, ao que parece, a vacina está começando a dar reação e o PT não sabe como reagir, porque nós já estamos com duas Comissões de moradores de Porto Alegre com as mesmas queixas. O PT adora ouvir quando vão dizer amém. Agora, quando dizem diferente, eles saem correndo.

Vou dar os exemplos: lá na Zona Norte, o pessoal que não está gostando da pista de eventos. E, aqui, ainda na Zona Norte, na Rua Anita Garibaldi, a pessoa que não está gostando do modo...

 

(Aparte inaudível e anti-regimental do Ver. Marcelo Danéris.)

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu não lhe dei aparte, Ver. Marcelo Danéris, gostaria que V. Ex.ª me respeitasse, que fale mais baixo, V. Ex.ª está me atrapalhando. Eu gostaria, Sr. Presidente, que garantisse o meu tempo. Esta falta de educação dos companheiros do PT é que é difícil de agüentar aqui. V. Ex.ª não é corregedor nem meu e nem da Câmara, Vereador, e eu não aceito isso.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Marcelo Danéris, por gentileza, por favor, tem um orador na tribuna.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não aceito isso. V. Ex.ª pode esquentar a cadeira aqui e eu esquento lá onde estou trabalhando. E, certamente, eu trabalhei mais do que V. Ex.ª.

 

(Aparte inaudível.)

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não, V. Ex.ª não vai mandar em mim. Então, o senhor cale a boca, porque eu é quem estou falando. O senhor cale a boca, porque sou eu que estou na tribuna. Fale mais baixo, é isso que diz o Regimento da Casa. Moleque! De moleque, eu estou cansado. Muito obrigado. Agora, eu digo moleque bem alto. Aprenda a falar alto como eu.

Irritou-se o Ver. Marcelo Danéris, aí faz este tipo de truque, tentar interromper o discurso, mas eu vou repetir: o Ver. Marcelo Danéris não gostou de nós relembrarmos a pista de eventos e a reação dos moradores do Bairro Humaitá. Mas nós vamos relembrar, até porque nós vamos ter aqui Tribuna Popular nos próximos dias. Com isso eu não vou dizer que eu estou a favor daquela população, mas eu acho que eles têm direito de falar.

Em segundo lugar, é sobre os moradores da Rua Anita Garibaldi. E antes de que o “corregedor segundo” continue me atrapalhando, quero dizer que na Anita Garibaldi, também, os moradores estão sendo tratorados pela Prefeitura, mas estão reagindo e vão-se organizar e nós vamos ter um belo debate sobre esses dois assuntos, goste ou não o Ver. Marcelo Danéris. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Sebastião Mello está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELLO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores. Ver. Antonio Hohlfeldt estive na semana passada, lá no Círculo Operário, Colégio Santo Inácio, na Zona Norte, em uma reunião que foi organizadora de uma passeata que saiu no sábado ou no domingo e o que eles colocam é absolutamente procedente, qual seja: pista de evento sim, mas com saneamento básico e habitação popular para aquelas pessoas que estão há 200 anos esperando na fila, na entrada de Porto Alegre. Eu só vejo falar no Projeto do BID, e o Projeto do Banco Japonês e o projeto do dinheiro internacional, mas, na prática, são 12 anos de administração e continua o favelão da entrada da Cidade. Então, é absolutamente procedente este debate porque achamos que a pista de eventos é o equipamento público necessário para a Cidade, Ver. João Antonio Dib. Agora, aquelas pessoas que estão lá pedindo moradia, morando no barro, no lodo, na indignidade, sem saúde, vão olhar construir um equipamento de primeira tecnologia para o seu Bairro e vão continuar morando no barro, isso não! Pista de evento com a construção do entorno de habitações e de dignidade para aquelas famílias.

Mas eu quero aceitar o desafio do Ver. Juarez Pinheiro que é um bom debatedor e gosto dele, porque é um bom advogado e já o conheço de longa data. Quero dizer, Ver. Juarez Pinheiro, que continuo com a mesma opinião: as CPIs nesta Casa não têm dado certo. O Discurso de V. Ex.ª não casa com o relatório do Montepio, diz aqui o final do relatório: “Submeto também aos nobres Vereadores o Relatório da CPI envolvendo o Montepio. Submeto também aos nobres Vereadores, componentes desta CPI, a decisão da indicação de que a nova legislatura continue o processo de investigação e aprofundamento das questões que deram origem a esta Comissão Parlamentar de Inquérito.” Quer dizer com isso, que a Sr.ª Relatora quis dizer que não houve o aprofundamento necessário sobre essa matéria. Então, o discurso de V. Ex.ª não casa com a decisão da CPI.

Eu quero entrar nesse campo da CPI do DEMHAB, pois no dia 21 lotaram uma Kombi e mandaram três fotógrafos atrás, aqui na Câmara, dizendo: “Olha o Prefeito mandou entregar os documentos.” Grande farsa! Às 17h55min o Protocolo bateu um ofício: “não tem condições de receber.” A partir dali, eles começaram a mandar, sabe quantos, Sr. Presidente? Vinte processos, 28, 30, 40, hoje está em torno de 800, de forma desorganizada, nem sequer autuados foram. Agora, não sei por que também o medo de aumentar o prazo da CPI, se essa é uma Administração tão séria, não tem nenhum problema! Mas quem é tão séria, quem é tão transparente, quem é tão tranqüila na ação administrativa e política, não tem de ter medo da investigação! Eu falo especialmente para essa centena de milhares de pessoas que estão na fila da miséria da habitação popular: do Lami ao Sarandi por essa política injusta, indecente do Governo Municipal de construir 10.500 habitações em 12 anos de Governo, porque das 10.500 habitações, 1 mil são oriundas do Jardim Dona Leopoldina, já construídas. Mas esse Governo que nem economista tem, só tem proposta para o futuro; mas para o futuro tem o Projeto da Entrada da Cidade, tem o Projeto Zona Norte, mas são Projetos. Os economistas nunca têm uma posição para o momento. A inflação vai dar certo daqui um ano, o plano econômico vai recuperar, mas para o momento eles nunca têm solução. É como o Governo do PT, eles só têm proposta para o futuro. Eu quero ver a realidade.

Então, esta questão da CPI, eu não sei, Ver. Luiz Braz, porque tanta questiúncula, e vêm na tribuna e gritam, mas se não há nada! “Mas, agora, nós vamos para a Justiça, se o prazo terminar.” Pois, que vão para a Justiça! Porque aí nós vamos mostrar para a sociedade que tem “gato na tuba!”

Portanto, Srs. Vereadores, eu aceito este debate com muito gosto, com muita tranqüilidade, porque pensamos que uma CPI não pode ser feita com profundidade em 90 dias. Nós vamos, inclusive, quando passar os 30 dias, requisitar este Projeto para o debate e para votação e, se for necessário, então que se rejeite, quem quiser votar contra, vote. Mas uma das razões por que a CPI não tem dado certo, na nossa avaliação, salvo melhor juízo e respeitamos as posições contrárias, é a questão do prazo da CPI. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são várias as questões, mas vou-me ater a algumas. A primeira é fazer um registro formal, em nome da nossa Liderança, de que a famosa liminar, que foi dada pelo Juiz da 1ª Vara de Infância e da Juventude, a pedido do Ministério Público, foi cassada,

E o que diz aqui: (Lê.) “O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a família substituta, não implicando privação de liberdade.” E além disso, a abrigagem não deve ser a política exclusiva, “é preciso ter programas de orientação e apoio sociofamiliar, socio-educativo em meio aberto e de colocação familiar.” Ou seja, o Governo demonstrou que a abrigagem é um dos aspectos, e é o menor deles.

E o Poder Judiciário, que tanto foi honrado, aqui, e nós nos somamos a isso, diz que: (Lê.) “... Não se pode alegar omissão do Poder Público, multa requerida na inicial que, se efetivada, inviabilizaria a Administração. Impossibilidade de o Poder Judiciário determinar a forma de o Executivo administrar, em função do princípio da repartição dos Poderes, sentença mantida, apelo improvido”.

Este assunto, embora haja uma discussão de mérito, liminar por liminar, está empatado, e reconhecidos os elementos que sustentam as idéias que o absolutizam.

Eu gostaria de dizer duas coisas, a primeira é que tem uma frase de Saramago que diz o seguinte: “O bom das derrotas é que elas não são eternas, e o bom das vitórias é que elas também não são eternas.” Então, Ver. Sebastião Melo, a derrota de uma proposta política para uma cidade traz esse ânimo de oposição, agora, fazer o descarte que foi feito aqui, sem um pouco de memória, eu diria que vai às raias do absurdo. Raciocinemos, o Vereador disse que só tem projeto de futuro aqui, é que nem economista. O fato é o seguinte, vamos recapitular algumas questões da nossa Cidade, que eram projetos de futuro e se tornaram realidade.

Vamos falar de um deles, em plena execução neste momento, a III Perimetral. Quero falar aqui da Vila que estava no entorno do Estaleiro Só e que foi para o Loteamento Cavalhada - falo da Vila Cai-Cai. Falo do Calçadão de Ipanema, três quilômetros da orla até o Bairro Espírito Santo e Guadalajara. Falo no Lami e falo dos 300 quilômetros de pavimentação efetuados, falo nas 14 mil unidades habitacionais, Vereador; falo também aqui dos 70 mil postos de iluminação pública, quando tinham só 45 mil, no início da nossa Administração. Eu falo da capacidade que vamos ter depois da conclusão em pleno funcionamento da ETA São João Navegantes, que vai de 27% do esgoto tratado para 42%. Quando se resolver a ponta da cadeia, com os projetos de futuro que o Vereador esteja a reclamar aqui que é o saneamento do Arroio Dilúvio da área Central da Cidade, o seu projeto partidário de futuro, talvez, não tenha futuro

Quando falamos de futuro, Ver. João Antonio Dib, estamos falando de um futuro que se realizou, paulatinamente, com a participação de todos.

Aqui, às vezes, se faz um elogio à participação, mas a primeira coisa, quando se fala da participação, é falar da contraposição do povo com a Câmara, das prerrogativas da Câmara, como se elas fossem conflitivas e antagônicas.

O Ver. Sebastião Melo fez um repto sobre a entrada da Cidade e a Pista de Eventos. A Pista de Eventos teve uma decisão sobre a sua localização, feita por uma Comissão aqui, presidida pelo Ver. Humberto Goulart e que foi proposta ao Executivo. Então, Ver. Sebastião Melo, eu diria o seguinte: o bom da derrota é que ela não é permanente. V. Ex.ª deverá conviver com a vitória enquanto ela for permanente, mas eu não faço isso como volúpia, estou dizendo isso como aprendizado para aqueles que não souberam ainda dialogar com as expectativas desta Cidade.

Portanto, não adianta vir aqui, Ver. Luiz Braz, fazer um discurso que se descola da realidade. Pode ser até um discurso adjetivado, bom, que pode até nos entusiasmar, aqui, no Plenário, mas não tem repercussão social. E por não ter repercussão social, não se apresenta na disposição popular de manter os projetos que normalmente são falidos, quando se apresentam na execução das suas propostas.

Sr. Presidente, agradeço o tempo decorrido a mais e voltaremos, na próxima oportunidade, para falar da famosa liminar que o Juizado ganhou, sobre a questão das abrigagens. Não tem mais liminar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Esta Mesa apregoa o Requerimento, de autoria Ver. Estilac Xavier, para que sejam votados em destaque os textos vetados e resultantes das Emendas nºs 20 e 108, apostas ao PLE nº 015/01.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação nominal de quórum.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, eu havia pedido Comunicação de Líder, estava aqui na tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Luiz Braz, esta Mesa pede que V. Ex.ª aguarde meio minuto. A diretoria informa a esta Presidência que o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris tem preferência.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Tem sido da ética dos Srs. Vereadores respeitar os períodos de Liderança. Mas, se a falta de ética agora vai ser uma praxe da Bancada petista, tudo bem.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Luiz Braz, a Mesa solicita a Vossa Excelência, por gentileza, conforme orientação...

 

O SR. LUIZ BRAZ: Querem cassar... Já cassaram tantos... O PT já cassou tantas vezes aqui e, agora, está cassando a minha palavra também! Estão com medo do que eu vou...

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 13h25min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson - às 13h27min): Estão reabertos os trabalhos. Por gentileza, esta Presidência pede a colaboração dos Srs. Vereadores.

Em votação o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris. (Pausa.) O Ver. Luiz Braz pede para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, no momento em que o Ver. Luiz Braz pediu a palavra havia 13 Vereadores no Plenário, porque venho controlando, ou melhor, 14, porque a Ver.ª Helena estava ali fora, agora está aqui. Não há o que discutir. Nós precisaríamos de 11 Vereadores para ele poder falar, e nós tínhamos 14. Não tem por que verificar quórum, não tem o que discutir. Ele fala e termina a Sessão, porque depois, sim, não poderemos entrar na Ordem do Dia.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, faço uma Questão de Ordem com fundamento no artigo que trata da questão do direito de o Vereador fazer requerimentos. Eu quero fundamentar o meu Requerimento: na Sessão Extraordinária que foi realizada quando foi apreciado o Veto relativo ao Projeto do Regime Próprio de Previdência, nós ficamos em desconformidade pela forma da não-convocação antecipada da Sessão Extraordinária, mas entendendo a situação que se criou, nós tivemos - e o Ver. Reginaldo Pujol pode ser testemunha disso - a grandiosidade de, no outro dia, cumprimentar o Ver. Reginaldo Pujol, que foi um dos protagonistas principais do movimento tático que fez a Bancada de oposição ao Governo, e o parabenizamos pela vitória que tinha obtido naquela disputa política. Nós fizemos isso com tranqüilidade e informamos isso ao Ver. Luiz Braz. Agora, neste momento, o Ver. Marcelo Danéris fez um Requerimento legítimo, como vários outros Vereadores já fizeram em várias Sessões, solicitando verificação de quórum. Portanto, não é possível, não é regimental que se retire do Vereador a possibilidade de fazer o Requerimento, independentemente de haver ou não quórum. Consulto V. Ex.ª, agora, sobre se a questão de verificação de quórum tem embasamento no Regimento para que seja encaminhada. Eu entendo que não, mas consulto V. Ex.ª.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Esta Mesa já responderá aos Srs. Vereadores.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para mostrar a boa vontade e o respeito da Bancada do Partido dos Trabalhadores para com todos os Vereadores desta Casa - Bancada que, jamais, em nenhum momento da sua história, cassou a palavra de ninguém - e como temos a boa-fé do Ver. João Antonio Dib, que testemunha que havia quórum antes do pedido de Comunicação de Líder feito pelo Ver. Luiz Braz, quando requeri a verificação de quórum, estou retirando o meu Requerimento. Repito: em nome da boa-fé do Ver. João Antonio Dib, por pedido de que se usem as Comunicações de Líder e ainda para demonstrar que a Bancada do Partido dos Trabalhadores jamais cassa a palavra de ninguém, mesmo que seja para ser ofendida de forma rebaixada, como tem acontecido em várias intervenções aqui.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pede a Liderança do PT que eu cite o artigo do Regimento no qual fundamentarei a minha Questão de Ordem.

Evidentemente, eu vou contraditar as outras Questões de Ordem aqui suscitadas, nenhuma delas com fundamento expresso em nenhum artigo do Regimento da Casa. Por sinal, manifestações vagas. No Requerimento para verificação de quórum, Sr. Presidente, precisa ser explicitado que quórum deve ver verificado; se é quórum de votação, que quórum é esse, se nós não estamos em votação? Então, o que se quer é fechar a Casa, porque, se não há quórum para a Casa funcionar... Eu não estou fazendo uma Questão de Ordem, eu estou fazendo um elogio ao Ver. Marcelo Danéris, que se deu conta do que estava cometendo e, inteligentemente, digno do nosso aplauso, retirou o seu Requerimento. Meus cumprimentos ao Ver. Marcelo Danéris, que foi muito sábio nessa sua segunda posição.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu só mantenho o meu questionamento, porque é importante o Plenário ter clareza sobre isto: verificação de quórum tem encaminhamento?

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Tem encaminhamento, com fundamento no art. cento e setenta e...

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Qual é o fundamento, Sr. Presidente? Eu penso que contraria até o sentido, mas este Regimento tudo pode.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Juarez Pinheiro, o art. 94 diz o seguinte: “O Requerimento é a proposição verbal ou escrita dirigida por Vereador à Mesa sobre a matéria de competência da ... Bom, o que diz a letra “c”: “Verificação de presença”. O que é que diz? Quando o Vereador pediu a verificação de quórum, e deu essa problemática toda, o Ver. Luiz Braz não estava ainda na tribuna, mas, nesse ínterim, ele se dirigiu à tribuna. Portanto, acho que deu essa problemática toda, porque este Vereador tinha deferido a verificação de quórum a V. Ex.ª.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu acolho a sua resposta, não ficou, para mim, muito claro, apenas se, no caso, quando um Vereador requer a verificação de quórum, é possível encaminhá-la. A resposta não me pareceu clara, mas agradeço a sua boa vontade.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Esta Mesa agradece a compreensão de V. Ex.ª, Vereador. Portanto, retomando os trabalhos normais da Casa.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu preciso fazer um registro: com muito orgulho, há dezesseis Vereadores no Plenário, o que é uma coisa realmente bonita, às 13h35min.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Muito obrigado, Ver. João Antonio Dib. O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero dizer que é sempre importante, nas relações entre as pessoas, que o bom senso seja o vitorioso. Eu acho que seria falta de bom senso nós não permitirmos que todas as Bancadas pudessem utilizar os seus tempos em Comunicação de Líder, todas elas. Eu não entendi por que o PT usou o tempo de Comunicação de Líder e, imediatamente, pediu verificação de quórum para calar todos os outros. Aliás, isto é histórico, isto não é uma questão atual, o PT sempre procurou impedir que os outros pudessem falar das suas idéias, que a opinião pública pudesse saber o que pensam as outras correntes; ele quer o pensamento único, isto é histórico. Mas eu acho que no Parlamento não pode realmente prevalecer isso, porque seria falta de bom senso.

Mas eu não queria vir aqui, como disse o Ver. Marcelo Danéris, em uma de suas participações - que considerei extremamente infeliz - para agredir o PT. Eu não vim aqui para isso, a minha função não é essa. Eu vim aqui para discutir as questões da Cidade e tentar alertar a opinião pública com relação ao que acontece em nossa Cidade. Essa é a minha obrigação e é a obrigação de todos os Vereadores desta Casa.

Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª também auxiliou para que pudéssemos prosseguir normalmente com a Sessão, dizendo exatamente do quórum que tínhamos no momento em que pedíamos o tempo para uma Comunicação de Líder.

O que eu queria, e vou fazer agora, aqui da tribuna, nesta Comunicação de Líder, é dizer exatamente da importância da CPI que temos em vigência nesta Casa, e de todas as outras CPIs. Inclusive, há uma informação que foi trazida e é trazida com constância pelo Ver. Juarez Pinheiro a respeito daquela CPI do Montepio. O Ver. Juarez Pinheiro, primeiramente diz o seguinte: "Que as decisões da CPI foram encaminhadas ao Ministério Público." Ora, nós acompanhamos a CPI do Montepio e sabemos que não foi assim que aconteceu. Veio uma ordem judicial, no último momento, e pediu que a CPI fosse suspensa. Não houve encaminhamento ao Ministério Público. Após, o Ver. Juarez Pinheiro mandou os documentos, porque qualquer pessoa do povo pode mandar qualquer denúncia ao Ministério Público, mas não foi a CPI, não foi esta Casa, porque a Justiça mandou que fosse suspensa aquela CPI. Ela não chegou ao seu final.

Posteriormente, disse o Ver. Juarez Pinheiro o seguinte: que ele sabe de uma investigação do Ministério Público, sigilosa, só que ele sabe de tudo o que está acontecendo com e no Ministério Público. Então, ou nós vamos colocar o Ministério Público sob suspeita, porque ele dá informações só ao Ver. Juarez Pinheiro, ou as informações que o Ver. Juarez Pinheiro traz aqui não estão sendo sérias. Eu penso que, quando se faz uma CPI, o importante, Ver. Juarez Pinheiro - e eu penso que isso deve estar na cabeça de todos nós - é que possamos averiguar, investigar se aquela denúncia que foi feita é correta ou não. Ora, mas o Executivo, Ver. João Antonio Dib, utiliza o seguinte: quando se pede uma informação para eles, que é importante para a vida da CPI, como é o caso do DEMHAB, ele demora não só 15 dias; ele demora muito mais do que 15 dias, e, quando ele cumpre aquela obrigação de mandar para cá os documentos, manda em tal ordem, tão bagunçados esses documentos, que é impossível que um Vereador, em um primeiro momento, possa tomar conhecimento daquelas informações e raciocinar em cima delas.

O Ver. João Antonio Dib disse uma coisa importantíssima, quando estava discutindo o Orçamento, que é mais ou menos aquilo que faz o PT para toda a sociedade, e, principalmente, na relação com esta Casa. A informação da Planta de Valores veio sem os fundamentos naturais para o entendimento dos Vereadores e da sociedade. Aqueles dados que fizeram surgir aqueles números da Planta de Valores nenhum Vereador, nem mesmo o experiente Ver. João Antonio Dib, que já foi Prefeito desta Cidade, e é engenheiro, pôde, de repente, num primeiro momento, avaliar aqueles números, como foram acionados pelos técnicos da Prefeitura ligados ao PT. E é assim que eles querem informar o povo, é dessa maneira.

Por isso eu quis vir à tribuna apenas para dizer que a CPI tem de existir, e não importa se ela vai durar 60, ou 90 dias, se vai durar todo o mandato do Vereador, mas o importante é que ela possa descobrir se, naquela investigação, havia cabimento a denúncia que foi feita ou não, para que o cidadão que foi acusado possa ser inocentado, se for o caso, ou então para que os poderes públicos possam tomar as providências devidas, se aquela acusação for comprovada.

Quero agradecer ao Ver. Ervino Besson, Presidente dos trabalhos, a todos os Srs. Vereadores por terem voltado aos seus estados de bom senso e permitido que os Vereadores desta Casa e as Bancadas pudessem, em seus tempos normais, manifestarem-se aqui desta tribuna. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Para que, em um próximo momento, não haja mais confusão como esse mal-entendido do dia de hoje, a Mesa esclarece que o art. 94 diz: (Lê.) “Requerimento verbal ou escrito dirigido por Vereador à Mesa sobre matéria de competência da Câmara será despachado, de plano, pelo Presidente.” A letra “c” fala sobre a verificação de presença. O Vereador que está presidindo a Sessão no momento tem poderes para decidir, de plano, se há ou não encaminhamento do Requerimento.

De acordo como determina o art. 145 do Regimento, a Sessão poderá ser prorrogada pelo prazo não superior a duas horas. São 13h45min. Já que o Vereador Haroldo de Souza está inscrito há bastante tempo, pediria a gentileza da compreensão dos Srs. Vereadores.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, MST e CUT barbarizam a inauguração do Aeroporto em Porto Alegre. De novo vai ficar por isso mesmo. Tribunal de Justiça suspende direito de propriedade em Passo Fundo. Na figura do Desembargador Carlos Rafael dos Santos Júnior suspendeu-se o direito de propriedade, assegurado na Constituição, ao negar o direito de reintegração de posse ao dono da fazenda em Passo Fundo invadida por sem-terras. Os gaúchos que prezam o respeito às leis e à ordem têm todos os motivos, sim, para estarem tremendamente preocupados, envergonhados e apreensivos com o futuro que lhes reserva. O Movimento dos Sem Terra, uma entidade que já quase pode ser considerada terrorista e criminosa - porque mata, já matou - acaba de ser legitimada, tem carta branca para os seus atos. Os 18 integrantes da milícia presos por assassinato estão fazendo festa na cadeia, isso é de verdade preocupante.

Estive pensando e resolvi entrar no jogo de analisar situações que não dizem respeito diretamente ao Município de Porto Alegre. Aos poucos as melancias vão se arrumando na carroça, pois eu, aos poucos, estou-me adaptando ao jeito de se comportar aqui, criticando o Governo Federal, que eu também considero uma droga, injusto e desumano socialmente falando, mas é preciso falar de todos e de tudo. Não só do Governo Federal, que é, sim, uma calamidade social. IPTU progressivo é o que quer o Governo Municipal aqui. Se depender de mim não vai levar. Sou contra tudo o que seja aumento para o contribuinte. Já pagamos demais para o Governo administrar mal o nosso dinheiro, tanto em termos de Município, como no Estado e País.

Não adianta me procurarem para dar explicações, porque o meu voto sobre o IPTU já está decidido: sou contra o aumento e muito menos progressivo. O que eu quero mesmo é que a Prefeitura aumente no Orçamento - e vou pedir - o dinheiro endereçado às entidades das crianças e dos adolescentes, pois eu não vi nada muito claro a respeito dos meninos e meninas de rua no Orçamento que veio aqui para a Casa. Eu penso que se esqueceram do Prefeito, que prometeu tirar os meninos e meninas das ruas, e fizeram o Orçamento e o Prefeito passou batido. Acho.

Quanto ao que disse o eterno candidato à Presidência da República, o único trabalhador deste País que não trabalha e vive bem uma barbaridade, tchê, é o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Eu estou me propondo a votar nele e estou quase propenso a votar nele para Presidente da República. Por quê? Porque o Lula afirmou que vai acabar com a pobreza em 4 anos, como se isso fosse possível por decreto. O PT, às vezes, pensa que todo o mundo é babaca, que todo o mundo é boca-aberta, que não sabe pensar, que não lê, que não acompanha a vida da Cidade, do Município e do País. Que fórmula mágica é essa para erradicar a pobreza em 4 anos? Seria igual àquela de dar leite para as criancinhas, prometida pelo Sr. Olívio Dutra? Ou é igual à retirada da criançada da rua, pelo Prefeito Tarso Genro? Talvez seja igual ao aumento prometido aos professores.

O Lula sai daqui e vai contar história, falar em abobrinhas em Paris, e critica quando o Fernando Henrique Cardoso vai lá fora também falar em abobrinhas. Outro decreto do eterno presidenciável Lula, é de que o inferno da dívida externa vai acabar. Mas como? Vão dar calote? Vão brigar com os Estados Unidos e esperar que ele jogue alimentos sobre nós, como estão fazendo cinicamente no Afeganistão? Por favor, não subestimem mais o povo brasileiro!

Ainda em matéria de uso de jornais de São Paulo e do Rio, que o Governo e seus aliados gostam tanto de usar aqui para discursos nesta Casa, extraí a pérola. Para o PT fazer o prometido vai ser preciso mais taxação - consta no jornal - e foi o Lula que disse: mais tributação, confisco, expropriação, controle estatal das empresas que hoje estão sob propriedade privada. É mole, meu?

E, para encerrar, a Câmara dos Deputados aprovou em Brasília, e as prefeituras estão autorizadas a proporem leis para a cobrança de contribuição para o custeio da iluminação pública.

Quero antecipar o meu voto se a Prefeitura do Governo Popular vir com esta proposta, pois não gosto muito de estar discutindo.

Eu voto antecipadamente contra qualquer projeto que pintar por aqui para que o morador de Porto Alegre pague a energia elétrica da iluminação pública de sua rua. A rua é pública e, como tal, os poderes públicos devem pagar suas contas.

Mas como o Governo Popular desce o pau no Governo Federal, mas quando se trata de arrecadar mais sempre é a favor dele, o Governo Federal, antecipo a minha posição: sou contra o povo pagar iluminação pública. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ESTILAC XAVIER (Requerimento): Eu me lembro que ainda no primeiro semestre, o Ver. Antonio Hohlfeldt fez um Requerimento, onde pedia que quando se referissem ao Presidente da República o tratassem como o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Eu me recordo desta posição dele. Pois nos mesmos termos, eu estou requerendo que, nas cópias taquigráficas do Ver. Haroldo de Souza, quando ele se referiu ao Governador do Estado, seja retirado o termo “seu Olívio”, porque nós não estamos tratando do “seu Olívio”, nós estamos tratando do Governador do Estado Olívio Dutra.

(É feita a retirada da expressão “seu Olívio” das notas taquigráficas conforme solicitação do Ver. Estilac Xavier e consentimento do Ver. Haroldo de Souza.)

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Quero retirar, pessoalmente, porque é um amigo meu, aliás, é meu ouvinte na Rádio Guaíba. Gosto muito dele fora da política. S. Ex.ª o Governador Olívio Dutra, S. Santidade ou S. Ex.ª, seja lá o que for, o Prefeito Tarso Genro e S. Ex.ª o Sr. Lula.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Obrigado, Ver. Haroldo de Souza. Para a prorrogação da Sessão, esta Mesa solicita à Ver.ª Helena Bonumá, 1.ª Secretária, que faça a chamada nominal, porque o painel não está funcionando.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a prorrogação da Sessão precisa ser votada. Ah, sim, V. Ex.ª vai colher os votos.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Vamos proceder a verificação de quórum, por gentileza. (Pausa.) (Após a chamada nominal.) Vinte e um Srs. Vereadores presentes, há quórum para procedermos a votação da prorrogação da Sessão.

Solicito ao Ver. Fernando Záchia que assuma a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação a prorrogação da Sessão. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam como estão. APROVADA a prorrogação da Sessão.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Requeiro verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Reginaldo Pujol solicitou Verificação de Votação. Em votação nominal. Solicito à 1ª Secretária Ver.ª Helena Bonumá que proceda à chamada nominal para votação.

 

A SRA. SECRETÁRIA (Helena Bonumá): (Procede à chamada nominal para verificação de votação.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Srs. Vereadores, 13 votos SIM e 08 votos NÃO, portanto, está prorrogada a Sessão por mais duas horas.

Passamos à

ORDEM DO DIA

 

VOTAÇÃO NOMINAL

 

(encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2405/01 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 015/01, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 2002 e dá outras providências.

 

Parecer:

- da CEFOR. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela rejeição do Veto Parcial.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 11.10 – Quinta-feira.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o PLE nº 015/01, com Veto Parcial.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, não foi feita a chamada para Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Já foi, Ver. Reginaldo Pujol. Antes da votação da prorrogação foi feita a chamada para ingresso na Ordem do Dia.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Absolutamente não, Sr. Presidente, a chamada que foi feita era para verificação de presença, que foi requerida; não foi para entrar na Ordem do Dia, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Solicito verificação de quórum para entrarmos na Ordem do Dia. (Após a chamada nominal.) Há 24 Vereadores presentes. Há quórum, portanto para a Ordem do Dia.

São 2 horas da tarde, lembra o 2º Secretário, Ver. Paulo Brum.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Estilac Xavier, para que sejam votadas em destaque as Emendas nº 20 e nº 108.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Estilac Xavier.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lembro a todos os seguinte: o que é a Emenda nº 20 e o que é a Emenda nº 108. Uma trata do Trensurb e a outra trata do Centro Cultural do Morro da Cruz.

O que quer o Ver. Estilac Xavier é separar as duas matérias. Até é de se concordar com esse fato, porque os fundamentos do Veto são diferentes, com relação a um e com relação a outro. Eu me declarei contrário ao Veto como um todo, mas não posso deixar de reconhecer que tem nuanças diferenciadas entre um e outro. Por isso, alertado pelo Ver. Luiz Braz, estou vindo à tribuna dizer que, sem cometer nenhuma incoerência, vou apoiar o Requerimento para se votar em destaque as duas situações que envolvem o Veto do Sr. Prefeito Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Estilac Xavier, que solicita a votação em destaque dos textos vetados e resultantes das Emendas nºs 20 e 108 ao PLE nº 015/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o PLE nº 015/01. Estamos votando o Projeto...

 

O SR. LUIZ BRAZ: Não é o Projeto. Vieram dois Vetos ao Projeto da LDO. Esses Vetos são votados em destaque. Então,...

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Iniciamos pela Emenda nº 20.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: A Emenda nº 20, que trata do Morro da Cruz.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Construir o Centro Cultural Morro da Cruz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Podemos construir esse entendimento?

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Se houver consenso no Plenário, melhor, esta Presidência agradece.

O Ver. Luiz Braz, com a palavra para encaminhar a Emenda nº 20. Desiste.

Em votação nominal, solicitada pela Ver.ª Helena Bonumá, a Emenda nº 20 ao PLE nº 015/01. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADA a Emenda nº 20 por 03 votos SIM e 16 votos NÃO. Aceito, portanto, o Veto.

Em votação nominal a Emenda nº 108, aposta ao PLE nº 015/01. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADA a Emenda, rejeitado o Veto, por 17 votos SIM, 02 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Marcelo Danéris para que sejam votados, neste momento: o Requerimento nº 234/01, de autoria da Ver.ª Maristela Maffei; o Requerimento nº 241/01, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, e o Requerimento nº 243/01, de autoria deste Vereador e da Mesa Diretora.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Marcelo Danéris. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes da Ata.)

 

 Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 14h25min.)

 

* * * * *